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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Murmúrio

Hoje vou postar algo nada racional. Apenas versos soltos. Hoje não quero que minhas palavras tenham sentido. Não quero que meu silêncio tenha sentido. Não quero fazer sentido. Não quero dar um sentido para a minha poesia torta. Nem quero que ninguém dê sentido nenhum. São apenas palavras a sufocarem meu  grito. Pensar faz doer, a dor de pensar. Acho que seria menos difícil viver, se soubesse menos coisa sobre a vida, sobre mim, o mundo, as pessoas. Eu nunca me senti como parte desse mundo, é como se estivesse sempre no lugar errado e na hora errada. A única coisa que me fazia e faz completa é pensar sobre como deveria ser divertido viver no céu, desde criança, comparava meu corpo a uma prisão. Minha alma sempre ansiou ir além, a um lugar que não sei como é, para perto da minha origem, para perto de Deus. Lutei muitos anos da minha vida contra uma depressão que me corroeu meus sentidos, e a dor que eu sentia e às vezes sinto, ajudou-me a descobri o universo das letras e mais do que isso me deu um grande conhecimento a respeito das coisas da vida. Eis um dos poemas que escrevi numa das minhas fases de depressivas:

Murmúrio

Sem lágrimas,
Nem palavras,
Assim é a minha dor.
Grita sem voz nos 
Mais enigmáticos sentimentos,
Querendo dizer algo que a razão 
Não consegue compreender.
A mente é um labirinto,
Uma caixa de muitas chaves.
Cada chave um mistério
Cada mistério uma revelação
Nesse labirinto perdi-me.
Refugiei-me fora do mundo 
E dentro de mim.
As teias dos meus pensamentos 
Paralisaram meus passos.
Sensações como golpes de dor não-mortal,
Transpassando a morte,
Sorvendo gota a gota os sofrimentos mais íntimos, 
Onde ou aonde a dor não chega exposta,
Dói abstratamente em recônditos perdidos.
Pensamentos como abutres famintos 
A estraçalharem minhas entranhas.
Percorri caminhos  tortuosos
Não estabeleci laços seguros com a realidade,
Meu interior tornou-se um pântano escuro,
Mas o sol já vêm.
Hoje amanheci,
Paralisei,
Murmurei a minha dor.

(Millena Cardoso de Brito, 23/12/2006)



Crédito: Millena Cardoso de Brito 

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