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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Escuridão


Crédito: Imagem retirada da Internet
Olho para dentro de mim e não vejo nada.
Há um silêncio cheio de imagens de dor e medo
Que me tiram a vontade de ser e estar no mundo.
Eu ficaria presa nessas imagens
Se vez ou outra não ouvisse vozes acolhedoras
Que do lado de fora me puxam para a vida.
Mas, quando volto à vida eu sinto a sensação
De estranheza de estar no mundo.
Eu não consigo distinguir dentro de mim
O que existe de fato atrás das perturbadoras
Imagens que parecem esconder mais do que mostrar algo.
Vejo ventres abertos por abutres famintos,
Olhos sem brilho ofuscados pela loucura,
Vejo lágrimas silenciosas correndo de pessoas sem rostos
E mãos vazias estendidas em prece,
Clamando mudas e cheias de um desespero
Que me fazem tremer.
Vejo homens devorando a carne de outros homens,
Crianças com rostos ferozes empunhando armas de guerra,
Vejo sangue escorrendo de ventres partidos
E o chão seco pedindo água que teima em não cair.
Quando fujo das imagens posso sentir cada fibra
Do meu corpo absorvendo dores 
que eu nem sabia que existiam
E sofro por não poder fazer nada
para destruir essas imagens que me perseguem.

(Millena Cardoso de Brito)

domingo, 1 de novembro de 2015

Indecisão



 
CRÉDITO: Imagem retirada da Internet
Eu gostaria de ter o poder de reter você ao alcance dos meus olhos.
Eu sofro de uma imensa carência e estar com você me faz sentir menos sozinha.
Você não conhece minhas prisões, mas consegue me libertar delas apenas com sua presença.
Eu gostaria de poder passar horas e horas olhando você jogar videogame, vendo o homem ser apenas um menino que eu queria poder cuidar o resto da minha vida.
Mas, eu sei que o tempo é implacável.
 E como o sono vem para nós e assim eu preciso voltar para os meus fantasmas, eu sei que a tua consciência erra por outros caminhos que não são os meus.
Eu não posso absorver tua vida para mim, mas é exatamente isso que eu gostaria de fazer.
 Mas, eu não posso simplesmente reunir os pedaços de duas pessoas que não descobriram quem são.
Eu não posso tirar de você a liberdade de fazer suas próprias escolhas.
A sua vida não me pertence, nada tenho de meu, apenas, o desejo de amar, mas muitas vezes nem sei como amar direito.
O que é certo e errado no amor?
Esqueço disso quando estou diante de você.
Perco o controle e isso me faz bem vez ou outra, não sempre.
Sofro de eternidades transitórias e sei que firmar meus pés em um sentimento movediço como esse seria arriscar demais.
Mas, como amar sem arriscar?
Eu poderia arriscar...
 mas seria desagradável acordar na cama de um estranho tomando conta de uma vida que não me pertence.
Mas, o que me pertence?
Eu corro riscos todas as vezes que deixo você ver o que está por trás do que eu convenientemente mostro, não são muitos que podem transpor a armadura que todos os dias eu visto para sobreviver a minha ingenuidade.
Eu não posso reter as mesmas emoções e todas as nuances dos momentos em que me sinto sua, pois eu preciso ir embora e deixar você seguir sua vida e recompor a minha sem o peso das ilusões.

(Millena Cardoso de Brito)

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Fugitivo





Acabe...
Com meu sofrimento
Não posso mais com minha dor
Que todos morram,
Que eu morra
Uma dor enorme me dilacera o peito
E não consigo nem falar...
Preciso de drogas que me façam
Esquecer essa dor,
Meu pó, minhas seringas,
Cápsulas, meu cigarro...
Que eu trago
E me traga
Até sobrarem apenas sombras
Da minha consciência errante.
Tranco-me no meu quarto
E vou flutuar
Para longe de ti,
Para longe de mim.
Nem o ópio foi capaz de me fazer
Esquecer tudo o que me atormenta.
Você não foi capaz de entender meus apelos.
Agora, mato meus instantes com doses de entorpecentes.
Não julgue a minha fraqueza.
Não sou como você.
Talvez, por isso, não mereça uma chance...
Deixe-me matar esta dor pelo menos
Nesse instante!
Outro inferno talvez me espere
Ou o nada me consuma no silêncio
Do esquecimento.
Meu destino não foi trançado ou sempre esteve?
Não posso guardar essa dor,
Mas quem se importaria com uma dor 
Que não é a Sua?!
Cale sua boca!
Ninguém se importa com ninguém realmente
E confesso que existem anjos,
Mas eles são poucos
E muitos deles caem e perdem as asas...
Deus onde estás que não ajudas estes infelizes?
Escuta quem em ti crer,
Mesmo duvidando...
Viver é confuso!
Desculpe-me a raiva que me transforma em dor
E por ferir os que tentam pisar em mim,
Pois não estou disposto, nem consigo oferecer
A minha outra face diante da maldade dos outros.
A minha inocência perdeu-se
Pelo caminho...
Queria deixar de pensar...
E como fumaça meus pensamentos...
....voam para longe...

(Millena Cardoso de Brito, 22/03/2006)

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Quem vive o amor sem dor?


Crédito: Imagem retirada da Internet

Amor
Trator

Tratar o amor como trator de aço?

Amor trator

Quem vive o amor sem dor?

Não há amor sem dor,

Mas existe dor sem Amor.

Apesar da dor, quem vive sem Amor?

Pode existir desamor, mas para que se viva

Amar é essencial.



O amor não precisa de um motivo

Ou uma pessoa para existir.

É a renovação de esperanças perdidas,

São promessas com prazo certo para se cumprir,

É o combustível que a alma precisa para decolar

Rumo aos céus infinitos,

Ele transfigura o que causa repulsa

Em algo de singular beleza.



O Amor é para os corajosos

Que estão dispostos a assumir

Os riscos que a decisão de amar pode custar,

Não importam as lágrimas, as dores, os medos que vierem,

 Não importa que ele chegue de mansinho enchendo sua vida de delícias

E depois de invadir o seu peito esmague e machuque

Tão fundo que você nem compreenda o porquê de se deixar ferir.



Então, quando estiver ferido de amor,

Poderá encontrar o sentido de viver

E se surpreenderá ao compreender

Que é preciso aprender a sofrer

Para viver o verdadeiro Amor

Que é Capaz de superar os abismos

Que nos distanciam de nossa essência.


(Millena Cardoso de Brito)