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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Fugitivo





Acabe...
Com meu sofrimento
Não posso mais com minha dor
Que todos morram,
Que eu morra
Uma dor enorme me dilacera o peito
E não consigo nem falar...
Preciso de drogas que me façam
Esquecer essa dor,
Meu pó, minhas seringas,
Cápsulas, meu cigarro...
Que eu trago
E me traga
Até sobrarem apenas sombras
Da minha consciência errante.
Tranco-me no meu quarto
E vou flutuar
Para longe de ti,
Para longe de mim.
Nem o ópio foi capaz de me fazer
Esquecer tudo o que me atormenta.
Você não foi capaz de entender meus apelos.
Agora, mato meus instantes com doses de entorpecentes.
Não julgue a minha fraqueza.
Não sou como você.
Talvez, por isso, não mereça uma chance...
Deixe-me matar esta dor pelo menos
Nesse instante!
Outro inferno talvez me espere
Ou o nada me consuma no silêncio
Do esquecimento.
Meu destino não foi trançado ou sempre esteve?
Não posso guardar essa dor,
Mas quem se importaria com uma dor 
Que não é a Sua?!
Cale sua boca!
Ninguém se importa com ninguém realmente
E confesso que existem anjos,
Mas eles são poucos
E muitos deles caem e perdem as asas...
Deus onde estás que não ajudas estes infelizes?
Escuta quem em ti crer,
Mesmo duvidando...
Viver é confuso!
Desculpe-me a raiva que me transforma em dor
E por ferir os que tentam pisar em mim,
Pois não estou disposto, nem consigo oferecer
A minha outra face diante da maldade dos outros.
A minha inocência perdeu-se
Pelo caminho...
Queria deixar de pensar...
E como fumaça meus pensamentos...
....voam para longe...

(Millena Cardoso de Brito, 22/03/2006)