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sábado, 29 de março de 2014

Crase?



Eu estou um tanto ocupada com meus estudos para concursos públicos, então sobra pouco tempo para produzir textos para o blog. Por isso, resolvi aliar o útil ao agradável. Como o objetivo principal do Ideias em expressão é dar destaque as variadas manifestações da linguagem, eu compartilho agora com vocês meus estudos sobre uma das minhas paixões: a Língua Portuguesa.

  •  O que é crase?

- É uma palavra que significa “fusão”. De acordo com os estudiosos da Língua Portuguesa, crase é a fusão de duas vogais idênticas, representada pelo símbolo (`). Exemplos: Vou à Itália; Aludi àquela casa antiga, e outros.

  • Em que casos, devo usar a crase?

- Fusão da preposição “a” com o artigo feminino “a (s)”.
* Ex: Amanhã irei à praia com meus amigos.

- Fusão da preposição “a” com o “a” da inicial dos pronomes demonstrativos aquele (s), aquela (s), aquilo e com o a do relativo a qual (as quais).

* Ex: Aludi àquele jardim, àquela casa antiga, àquilo;
         Várias pessoas às quais ele se referiu estiveram presentes ao debate de ontem.

  •   Quando não usar a crase?
- Palavras masculinas. Ex: Andávamos a cavalo.
- Verbos: Não tenho nada a pedir.
- Artigos indefinidos: Ontem fui a uma feira.
- Expressões formadas por palavras femininas ou masculinas repetidas: cara a cara, dia a dia, e outras.
-A maioria dos pronomes: pronomes que não admitem artigo (toda, alguma cada, ninguém, alguém, etc.); pronomes pessoais (Ex: Entregue a ela); os demonstrativos esta (s), essa (s) - Ex: Eu irei a esta festa.

* Exceções: a crase é usada antes de alguns pronomes femininos que exigem a crase (`), sendo facultativa diante dos pronomes possessivos femininos. Ex: Refiro-me à minha mãe.

- Antes de palavras femininas usadas em sentido genérico no plural precedidas de “a”: O prêmio foi entregue a artistas renomados.

* Exceção: Se essas palavras forem em sentido específico, e os substantivos passam a ser precedidos por as; então ocorrerá a crase. Ex: Eles dirigiram-se a pessoas discretas./Eles dirigiram-se às pessoas discretas.

- Indicações de horas não-especificadas: Irei daqui a quatro horas.

  •   Como a crase é usada?

- Verificar a necessidade de emprego na frase da preposição “a” simultaneamente com o artigo feminino “a (s)”, ou os outros casos de ocorrência da crase, como os pronomes iniciados por “a”.Em razão disso, é preciso aplicar os conhecimentos de regência verbal e nominal.

- Uma maneira de verificar a existência de um artigo feminino ou de um pronome iniciado por “a (s)” após uma preposição é colocar um termo masculino no lugar do feminino para dissipar possíveis dúvidas.

* Ex1: Encaminhei o requerimento (a ou à?) diretora. – Encaminhei o requerimento ao diretor.
Se o “a” que antecede a palavra puder ser substituído por “ao”, existirá crase: Encaminhei o requerimento à diretoria.

* Ex2: Atribui-se a explosão (a ou à?) falha humana. – Atribui-se a explosão a erro humano.
Se o “a” não for substituído, não existirá crase: Atribui-se a explosão a falha humana.

- Outra maneira de fazer essa verificação é trocar o termo que antecede a palavra que acompanha a preposição “a” por outro seguido por uma preposição diferente (para, de, por, em).

* Ex1: Acostumei-me a (a ou à?) duvidar – Cansei-me de duvidar./Fui punido por duvidar./Tudo consiste em duvidar.
Se o “a” for substituído por outras preposições não terminadas em “a”, não existirá crase: Acostumei-me a duvidar.

*Ex2: Refiro-me a (a ou à?) nova diretora - Penso na nova diretora./Gostamos da nova diretora.
Se o “a” não for substituído por outras preposições não terminadas em “a”, existirá crase: Refiro-me à nova diretora.

Ex3: Fui (a ou à?) Teresina - Voltei de Teresina.
Se usar “de”, não ocorrerá crase antes do nome de lugar: Fui a Teresina.

Ex4: Regressei (a ou à?) Rússia - Voltei da Rússia.
Se usar “da” (fusão de “de” com “a”), ocorrerá crase: regressei à Rússia.

- É usada nas expressões adverbiais, nas locuções prepositivas e conjuntivas que possuem em sua formação palavras femininas: à tarde, à noite, à esquerda, à medida que, às avessas, à moda de (mesmo que subtendida), e etc.

- A crase é facultativa antes de nomes próprios femininos e após a preposição “até”: Referi-me a Maria/ Referi-me à Maria; Vou até a praia/Vou até à praia.




quarta-feira, 26 de março de 2014

Consciência

                                                       Crédito: Millena Cardoso de Brito

                                                         Fim sem começo
                                                         O nada do nada
                                                         Posso sentir a presença do infinito
                                                         Abraço o nada.
                                                         Meu nada me satisfaz...
                                                         Mas a consciência do nada
                                                         é algo para mim imprescindível...
                                                         Sentir a vida, o sangue a pulsar nas veias,
                                                         o ar inundando o corpo tépido e aconchegante...
                                                         Não há nada mais belo que o espetáculo da vida...
                                                         Esse momento é algo único
                                                         Mas, no futuro, que teremos?
                                                         Por isso, prefiro abraçar o nada. 
                                                         Não perder tempo procurando respostas,
                                                         perder a razão para encontrar 
                                                        o prazer divino,
                                                        a ausência de dor,
                                                        e ser apenas o que sou,
                                                        uma parte do Infinito,
                                                        um enigma a ser decifrado.
                                                        E, assim, viver com a Eternidade,
                                                        a arte mais simples e bela
                                                        do Viver.
                                                     
                                                                                                 (Millena Cardoso de Brito)

domingo, 23 de março de 2014

Quebra incerta de mentiras certas

Ilusões

 Ilusões são pequenas mentiras
  Que consentimos em acreditar.
       A inexistência existente na mente, 
Que mente a razão.
Ilude os sentidos,
              E afugenta a realidade incompreendida,
       Transformando esperança em dor, 
Martírio sem razão,
                  Que forma um mundo paralelo e sombrio,
                    Vivendo a sombra do que não existe,        
Sentindo o que não se sente.
Dor ilusória, mas concentra,
       Que só quem sente é quem a tem.

(Millena Cardoso de Brito)

Desejo ou será amor?

                                                   Crédito: Millena Cardoso de Brito


                   
               Seria tão simples ter prazer com outros, um momento de prazer, nada mais.
               Isso só traria mais solidão do que a qual me encontro.
               Não invadir o outro universo
               é tocar somente a carcaça de um ser o qual não se tocará a alma.
               Meu desejo envergonha-me.
               O amor dissipa todo o pecado que poderia existir no desejo de dois corpos,
                pois juntos serão completos.
               Quero uma entrega total.
               Não apenas satisfazer meu corpo e depois de alguns instantes provar o amargo do vazio.
               Poderia ter me entregado a tantos,
               mas espero um alguém que temo não encontrar.
               Tantos enganos foram os que cometi nesta busca desenfreada por este ser imaterial,
               e misterioso: o verdadeiro amor.
               Este sentimento que tantos enganos causa.
               Confundidos por desejos,
               deturpam sua essência.
               Na minha descobri que o amor é algo que não pode ser encontrado fora do ser,
               pois ele está dentro de cada um de nós.
               Necessidade biológica, força estranha,
               seja o que for.
               Quero para mim um abrigo que afaste de mim um pouco da frieza do mundo,
                e esse abrigo só pode ser o amor.

                                                                                                  (Millena Cardoso de Brito)

Ausência



Crédito: Millena Cardoso de Brito

Espera

Sinto falta do teu sorriso sincero;
dos teus gestos doces,
que me envolviam 
em um sentimento indefinível;
da tua respiração próxima a minha,
que me faziam sentir tão segura,
por te ter por perto.
Mas, agora, na tua ausência
sinto-me frágil e insegura.
E experimento a cada dia
o cálice da saudade,
restando a mim apenas,
as lembranças e a espera...
e esta parece interminável...

(Millena Cardoso de Brito)

Prisão moderna

Chão de asfalto

O mundo virou uma prisão
A terra virou chão de asfalto
as árvores saíram do chão
Montanhas de concreto petrificaram
o coração dos homens.
A natureza chora e seu pranto
inunda a civilização.
A razão sucumbe ao dinheiro,
o dinheiro controla  a razão.
Nessa selva humana,
onde homem come homem,
o errado virou certo,
e os muros cercam
os homens na solidão.

(Millena Cardoso de Brito)

Bossa Nova


A Bossa Nova é um movimento realizado por músicos que surgiu  no Brasil durante a década de 50. Jovens de famílias da classe média do Rio de Janeiro reuniam-se para desenvolver esse estilo musical, que renovou a música popular brasileira (MPB).

Segundo José Ramos Tinhorão (1998), por volta de 1956, os "criadores" da Bossa Nova, sob a influência dos "jazz-bands" norte-americanos (grupo de músicos que tocavam e/ou cantavam tendo como base uma estrutura rítmica que permitia improvisos), começaram a reunir-se no apartamento da cantora Nara Leão, localizado na zona sul do Rio de Janeiro. Eles passaram a tocar e cantar  "samba em estilo de jazz", assim surgiram as "samba sessions". 

Tinhorão afirma que essa foi uma forma de renovação do estilo de música mais tradicional no Brasil há muitos anos, o samba. Em uma época de crescimento industrial, e de efervescência cultural e artística em todo mundo, os músicos que cantavam as misérias da vida nas regiões pobres das cidades, como faziam muitos sambistas, destoavam do contexto social do qual faziam parte os idealizadores da Bossa Nova. Dentre eles estavam João Gilberto, Ronaldo Bôscoli, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, e outros.

Nessa época, na década de 50, o governo de Juscelino Kubitschek incentivou o crescimento econômico do país, assim como também da modernização das várias esferas da sociedade brasileira. O presidente foi um dos incentivadores do surgimento do estilo musical que refletiu as mudanças que o seu governo pretendia implementar no país. A Bossa Nova surgiu como uma forma de renovar o cenário musical brasileiro. Os seus idealizadores desenvolveram um estilo refinado de melodias, que misturavam ritmos característicos da cultura do país, como o samba,  com o jazz. Além disso, as composições da Bossa Nova eram bem elaboradas. Elas falavam de amor, belezas naturais e das mulheres do Rio de Janeiro, ânsias e preocupações da classe que começava a desenvolver-se economicamente, a classe média carioca.

O significado do nome do movimento "Bossa Nova" é controverso. Alguns estudiosos dizem que o nome faz referência a uma gíria da época que era utilizada pelos cariocas para designar algo feito com criatividade, com charme. O livro de Ruy Castro, Chega de Saudade: a história e as histórias da Bossa Nova (2008), atribui o nome do movimento a uma nova tendência de músicos que tocavam primorosamente de maneira idiossincrática.

Essa nova tendência dos músicos brasileiros ganhou o mundo, e difundiu-se em vários países, popularizando várias canções, como "Garota de Ipanema" de 1962 (regravada diversas vezes ao longo do tempo) e "Copacabana Princesinha do Mar". Isso contribuiu para valorização em âmbito internacional da produção musical brasileira, e impulsionou as criações de composições no estilo Bossa Nova, tendo como um dos seus maiores representantes Vinícius de Moraes (este artista teve um post especial sobre sua vida e obra).

Escutar a Bossa Nova é uma viagem por ritmos envolventes, e composições que trazem a poesia das belezas exuberantes do Rio de Janeiro e as delicadezas da alma humana. Quem escuta as canções da Bossa pode sentir em cada nota o pulsar do canto à natureza, e a surpreende-se com a forma inusitada como as notas brincam com nossos sentidos. Vale a pena parar para deliciar-se com as canções desse movimento que revolucionou a música brasileira.


Referência Bibliográfica:

TINHORÃO, José Ramos. História social da música popular brasileira. Editora 34, 1998.

CASTRO, Ruy. Chega de Saudade: história e as histórias da Bossa Nova. Companhia de Bolso, 2008.







sexta-feira, 14 de março de 2014

Ser poeta...

Não sei se sou de fato uma poetisa, mas amo escrever versos, e estudo com carinho as possibilidades de construção de estruturas inusitadas da língua portuguesa. Isso é um dos meus refúgios contra a frieza do mundo e alegro-me em poder dividir isso com meus leitores, eis uma das minhas tentativas de definir o ser poeta:

O verdadeiro poeta

O verdadeiro poeta não é aquele
que tem apenas o domínio das rimas,
mas o que também traz consigo a verdade.
Não a verdade absoluta
dos fatos,
das coisas,
do mundo ou das pessoas.
Mas sim dos sentimentos.

O verdeiro poeta não é aquele
que apenas acaricia as mentes,
mas também toca a ferida
e carrega no peito as cicatrizes
do que se vive 
e do que se vê,
traz do passado ou do presente
sentimentos diversos do que vem
da carne e do que para a alma cabe-lhe.

O verdadeiro poeta consegue
enxergar a luz e faz-se a luz.
E, sabe lutar contra si e contra os outros 
para levar as palavras transbordadas da alma
para as outras almas carentes
com a simplicidade e doçura do canto de um passarinho.

Esse é o verdadeiro poeta.

(Millena Cardoso de Brito)




quarta-feira, 5 de março de 2014

Mais um poeminha de amor **

imagem retirada da internet

Revelação

Nosso segredo inaudito
preso em nossas pupilas.
No deserto dos teus olhos
afugento fantasmas antigos.
O lampejo transforma-se em clarão
Encontro a paz tão desejada 
no teu horizonte sem direção.

(Millena Cardoso de Brito)

terça-feira, 4 de março de 2014

Loucura?




Loucos

Voar...
Rodar o mundo...
e parar no mesmo lugar.
Os pensamentos dos loucos são assim:
giram, dançam...
até perderem-se no ar.
Ser louco não é algo que se consiga definir.
Fugir aos padrões,
Quebrar as muletas da realidade
tão frágil e inconstante.
Será que algum dia a atingiremos?
Como saber?!
Tocar o inatingível
é esquecer a razão.
E o que será a razão?
Os homens gostam de definir.
Suas definições são estúpidas.
Enfim, ser louco é ir além 
das fronteiras da realidade
que os homens tentam impor,
mas que é apenas mais uma ilusão
em que perdem a verdadeira razão,
sendo assim, no mundo...
só tem louco!

( Millena Cardoso de Brito)