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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Uma verdadeira prova de amor

Para que te manterias preso em meus braços?
Se preferes refugiar-se em outro espaço!
Creio em Deus e sei que, como ser Todo-Poderoso,
o Senhor criador do céu e da terra poderia limitar
nossa liberdade e obrigar-nos a amá-Lo,
mas, diferente disso, o Criador espera por nosso amor
na discreta imensidão do seu insondável Reino.
Quem seria eu, então, para exigir o amor de alguém?
Tenho a alma exposta em cada gesto, trejeitos e jeitos
de  estar e ser,
deixo um pedaço de mim em cada abraço,
em cada encontro ou mesmo nos desencontros,
não temo brincar com fogo,
nem me afogar nas profundezas dos mistérios que rondam céus e terras.
Quero sempre mais,
quero o que está oculto,
não me contento com o que está na superfície,
não nasci para permanecer no meio-termo.
Para mim é não ou sim,
sim e não é engodo,
não quero andar na corda bamba
das meias palavras.
Tudo ou nada.
A liberdade tem seu preço e é bem caro.
E eu estou disposta a pagar o que for preciso
pelo amor Eterno de Deus.
Cada escolha exige renúncias,
é preciso ter consciência
das consequências do que se fez e/ou não se fez.
Não agir também é uma escolha
e como tal tem seu efeito.
Tenho consciência da necessidade de sofrer,
pois só experimentando esse amargo cálice
é que estaremos prontos para a verdadeira Felicidade.
Escolhi amar.
Essa escolha é uma via dolorosa, mas repleta de saborosos frutos.
Quem trilha esse caminho, experimenta alegrias
que são pedaços da Eternidade.
Por isso, apesar de feridas pelos inimigos,
as pessoas que decidem Amar não conseguem voltar atrás.
Eu não consegui resistir a esse caminho sem volta.
Tu conhecestes essa minha escolha
e ao sentir a minha tão eloquente dor por ter que te deixar partir, perguntastes-me:
-Deixarás que eu vá embora para longe de ti, sem ao menos saciar em mim teu desejo?
Olhei com uma enigmática alegria de mãos dadas com uma profunda tristeza e respondi:
-Não quero ir contra meus princípios. Se saciasse meu desejo carnal, sentiria uma dor maior do que a que sinto em minh'alma por te deixar, sem consumar as ordens dos meus instintos. Uma parte de mim está muito feliz, pois sei que estás livre de qualquer lembrança que poderia te prender a mim.
Mantive a firmeza das palavras, mesmo com o vacilar de cada um dos sentidos que me desobedeciam como se tivessem vida própria.
Tu olhastes para minhas lágrimas grossas escorrendo timidamente pelas minhas faces rígidas e por alguns segundos te vi vacilar, mas teu coração já estava tomado por horizontes que não eram os meus.
Ao ver-te vacilar forcei um sorriso que foi todo uma prova de amor e um pedido para que tu fosses sem temer estar liberto, pois ao pressentires a morte da paixão, tu poderias estar certo de que tinhas em mim feito ressurgir um sentimento depurado: o verdadeiro Amor.
Eu quis dizer com aquele sorriso em meio às lagrimas que o Amor nunca morre e que eu sempre estaria esperando por ti, quando tu precisasses repousar, sem a antiga inquietação do desejo,
no meu colo amigo
Depois de tal gesto, eu te vi ganhar os céus e levar contigo pedaços de mim para o desconhecido.

(Millena Cardoso de Brito)

crédito: Imagem retirada da Internet


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A morte será o limite da vida?

Humanidade


Ser vivo inconstante viver,
Imprevisível estar,
Incompromissível sentir,
No universo sem fim,
Mistérios infinitos a desvendar.

No mundo das ideias, os pensamentos voam
Os sentimentos fluem,
A vida humana escoa nas efêmeras horas
Na constante incerteza dos dias

Que passam incessantemente,
Conspirando contra a vida
Que nos leva a um fim
Na esperança de decifrar o enigma da

Morte.

(Millena Cardoso de Brito)



sábado, 29 de novembro de 2014

Estrada

São muitos os pés na estrada e muitos deles querem derrubar-te,
mas eles não têm teu futuro nas mãos.
É importante avaliar o passado, enxergar falhas e erros.
Não basta.
Você deve ter a coragem de assumi-los
e enfrentar as consequências de tuas escolhas.
Como é difícil juntar os cacos das pedradas do passado
que despedaçaram o presente!
Cada queda é uma chance de crescer como pessoa,
Reavaliar-se é preciso.
Vamos pensar...
Colocar a culpa nos outros é fácil,
mas não tocar a própria ferida e ter a humildade de
enfrentar o nosso lado obscuro: imperfeições, defeitos, pecados, ou seja, o que há de ruim em nós.
Isso apenas é possível para aqueles que não temem lutar para serem melhores do que são.
Afinal, quem é perfeito?
(Infelizmente, eu não sou.
Bem que procuro atingir a esse ideal que parece tão distante, mas que alimenta a minha caminhada rumo às coisas divinas).
Quem somos nós, então, para julgar pessoas
que foram feitas da mesma matéria humana?
Mas, julgamos.
Temos o péssimo hábito de vestir a todos
com conceitos que nos limitam.
Eu sou assim e ponto, dizem.
O homem não é um ponto,
ele é um contínuo de pontuação desconhecida,
realizada por laços divinos.
A nossa capacidade está em inventar e reinventar
o que queremos ser ou aparentarmos ser e lidar com que os outros pensam de nós.
Não podemos deixar-nos parar por qualquer obstáculo inventado ou não.
O segredo está em agir.
Parado o indivíduo perde um pouco da sua humanidade.
Esse "parar" não está ligado ao aspecto material, mas a totalidade
do ser humano.
Agir não está restrito aos movimentos físicos, mas toda mudança em qualquer dos elementos que fazem o homem ser humano: psicológico, espiritual, social, cultural.
Alguém que está imóvel pode sim ter um movimento.
Esse pode ser realizado de dentro para fora.
Um paralítico, em razão de um atropelamento, pode mover-se.
Quando e em que aspecto?
Se ao encontrar o seu algoz, um motorista imprudente que dirigia bêbado, aceitar as desculpas dele ou mesmo perdoá-lo sem um pedido formal, terá feito um movimento espiritual ascendente.
Pois ele retirará uma grande pedra de dentro de seu coração: a mágoa.
Ela é um peso para quem a sente.
Em suma, devemos buscar sempre o que nos aproxime da perfeição.
A perfeição vem de Deus e nada mais justo do que unir-se ao Senhor
para lutar contra a escuridão que avança sobre a aurora dos séculos.

Crédito: imagem retirada da Internet


domingo, 16 de novembro de 2014

O Homem e a mulher

Bem mais que um homem e uma mulher


Você não precisa tirar a minha roupa
para me conhecer.
Despir almas torna o prazer divino,
aprenda a sentir-me, mesmo que não me toque
 poderá ler em gestos, nos golpes 
ou sopros de palavras ditas
e não ditas o que tenho de mais precioso.
Preciso vasculhar nos teus atos 
partes de mim,
entrar no teu universo 
e desvendar as tramas 
que compõem o teu ser.
quero ser tua cura,
não apenas um remédio
para as horas de solidão.
Não quero que sejamos
 apenas homem e mulher,
mas também amigos, irmãos...
Deixa rolar...
Os sentimentos vão nos guiar
na troca de carícias
ou em um simples olhar.
Somos iguais,
fundidos em um só,
não tenha medo,
pois as máscaras cairão ao chão.
Duas crianças somente,
assim que, deve ser o amor 
o resto é consequente.

(Millena Cardoso de Brito)


crédito: imagem retirada da Internet


Deixar partir

crédito: imagem retirada da Internet

Nós conversávamos por horas e horas, sem sentir o tempo escorrer dentre as invencionices de nossa amizade. Era um bem precioso ter uma pessoa que com o olhar parecia compreender minha dor ou minha alegria muda. O silêncio entre nós não era nenhum incômodo, ao contrário, ele parecia nos ligar a uma teia invisível de ternura que íamos tecendo ao passo de cada um de nossos encontros. Não consigo definir em palavras a importância da amizade para suportar as adversidades do dia a dia.

A amiga que tinha era bem mais jovem do que eu, mas ela tinha a paciência e uma certa sabedoria infantil para compreender cada um dos meus erros, quaisquer que eles fossem. Diante dela podia despir minha alma,  chorar por amores nunca concretizados, tecer planos de viagens a serem realizadas, falar as coisas mais estúpidas que minha imaginação deixava fluir, rir sem motivo aparente, ou apenas ficarmos nos olhando como se nossos pensamentos se comunicassem sem precisar palavras. Apesar do meu temperamento inconstante, explosivo, cheios de contradições, demonstrações de carinho exageradas, e momentos de aparente desligamento, ela permanecia com o mesmo amor e sorriso consolador todas as vezes que nos encontrávamos.

Eu tinha uma amiga que era uma criança meiga e compreensiva. Ela cresceu. Eu a vi tornar-se uma mulher bonita e determinada. Meu sentimento por ela modificou-se, misturou-se a um outro tão forte quanto o outro e desconhecido para mim até então, além de amiga passei a senti-la como filha.

A partir de tal alteração, a nossa amizade, diferentemente do que eu esperava, em vez de crescer com o passar do tempo, sofreu um desgaste brutal. A minha postura cheia de leves brincadeiras e consentimentos tácitos ao observar os erros da minha companheira de infância, tornou-se mais rígida em relação ao seu modo de encarar a vida pré-adulta. Eu tinha vivido muitas situações dolorosas que fizeram com que eu amadurecesse mais rápido, e ela para mim era uma filha que eu precisava corrigir, o que mais me importava era independente de como minhas broncas fossem vistas por ela, eu ansiava seu bem mais do que agradá-la. Acho que não consegui a medida certa para dosar o amor maternal com o amor de amiga.

Como a maioria dos adolescentes, ela encarou minha mudança de postura como uma ameaça. Brigas constantes passaram a substituir nossas conversas descontraídas e agradáveis, e o silêncio passou a trazer-nos uma inquietação desconhecida. É como se, ao nos calarmos, o silêncio gritasse injúrias, gritasse as coisas que estavam a sufocar a nossa antiga liberdade de falar o que pensássemos uma da outra, o que antes fazíamos sem esforço, nem mágoa. Consequentemente, ao invés, de nós deixarmos fluir e crescer com o tempo o amor que nutríamos uma pela outra, permitimos que um abismo nos separasse.

Não acredito que nenhuma espécie de amor tenha um fim, mas aprendi que devemos deixar que as pessoas que não mais nos fazem bem partir. Elas devem ir, mas sem que guardemos qualquer tipo de raiva ou mágoa. Muitas vezes, as pessoas que foram, podem voltar. Porém, uma vez partida a confiança em um(a) amigo(a), dificilmente, a relação será a mesma de antes. É necessário que o que passou morra para que nasça de maneira renovada a essência de uma amizade verdadeira.

Em certos casos, devemos conservar um museu com todas as pessoas que se afastaram de nós, nos maltrataram, rejeitaram, mas que nós muito amamos e nos decepcionaram, porém, delas devemos conservar, de forma a deixar empalhada na memória, apenas, as circunstâncias boas que passamos com essas pessoas.

Eu empalhei minha amiga no meu coração, dói deixar partir uma grande amizade, perder uma filha, uma irmã, mas ela nunca deixará de ocupar o lugar que ela conquistou na minha vida.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Sentidos despertos

Crédito: Imagem retirada da Internet


Perdição

Não consigo ter-me totalmente.
Temo nunca mais encontrar-me,
depois que me perdi
nos teus olhos,
nos teus lábios.
Não aguento mais.
Acordo e durmo você.
Você está nas minhas palavras,
nas minhas letras,
nas minhas canções,
nos meus pensamento...
Enfim, em mim em tudo.
Você me desconcerta,
Você me acerta
com este teu jeito 
que me fez te amar.
Você me perturba e satisfaz.
Estarei delirando,
Estarei te idealizando...
Não sei dizer...
Mas te amando
Isso não há como negar.

(Millena Cardoso de Brito)

As verdades sobre o amor

Parece tão simples amar, mas nem sempre é fácil na realidade. O verdadeiro amor é aquele que resiste  as dificuldades do dia a dia, supera mesmo as situações mais dolorosas. Amor é um exercício diário, que conquistamos no silêncio de nossas pequenas batalhas interiores. É fácil amar as pessoas mais próximas a nós, que nos mimam e compartilham nossas lutas, e nos ajudam a crescer como ser humano. Mas, e aqueles que não conhecemos de perto, nem fazem parte de nossa rotina, ou os que fazem coisas ruins contra nós, ou são marginalizados, ou até mesmo marginais, é preciso amá-los? Eu acredito que sim, devemos amar todas as pessoas não importa o que sejam, pensem, ou digam que sejam ou façam. Devemos amar a todos sem distinção. E isso confesso para nós humanos não é fácil. Mas, se Deus nos ama mesmo com nossas inúmeras fraquezas, por que não imitá-lo nesse modo de amar tão bonito e incondicional? Só sei que eu escolho o amor, apesar desse ser o caminho mais difícil, mas quem disse que prefiro coisas fáceis.

 Os poemas nos fazem refletir sobre o amor, eu escolhi alguns dos meus preferidos para acalentar as almas de meus leitores:

Fome de amor

Fome de amor é quase 
maior que o amor
fome de amor nunca termina
inventando novos passos
fome de amor é feito casa
para sempre em construção
desde o mais distante passado
até o mais remoto futuro.

(Roseana Murray)


Canção do amor imprevisto
Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau
E a minha poesia é um vício triste
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar

Mas tu aparecestes com a tua
boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve, 
Com esses teus cabelos...

E o homem taciturno ficou imóvel,
sem compreender nada,
numa alegria atônita...
A súbita, a dolorosa alegria
de um espantalho inútil
aonde viessem 
pousar os passarinhos!

(Mário Quintana)

Interrogação

Não sei se isto é amor
Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo.
E apesar disso, crê! Nunca pensei em um lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como esposa sensual do Cântico dos Cânticos.

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo.
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem como 
este sol de Inverno...

Passo contigo a tarde e sempre sem receio.
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio.
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor.
Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei o que é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.

(Camilo Pessanha)

Soneto

Amar-te não por gozo da vaidade
Não movido de orgulho ou de ambição
Não à procura de felicidade
Não por divertimento à solidão.

Amar-te não por tua mocidade
-Risos, cores, luzes de verão
E menos por fugir a ociosidade 
Como exercício para o coração.

Amar-te por amar-te: sem agora,
Sem ontem, sem futuro, sem mesquinha
Esperança de amor sem causa ou rumo

Trazer-te incorporada vida fora,
Carne de minha carne, filha minha
Viver do fogo em que me ardo e me consome.

(Aurélio Buarque de Holanda)



domingo, 9 de novembro de 2014

Subvida

Crédito: Imagem retirada da Internet

crédito: imagem retirada da internet


O que fazer na pobreza dos falsos sentimentos,
nas mentiras que doem na razão do não ser,
na quebra dos laços com a realidade,
na dependência carente de algo tão distante?
O inacessível florescer da alma na vida,
para que possa haver a felicidade permanente.
Eh! Como seria bom abrir as portas mortas da vida!
Sair dos errados cálculos da razão,
flutuar sobre o abismo das coisas impossíveis,
poder ser o que se deve ser,
sorrir de todo ser,
amar sem esperar o que se quer receber,
cair em algo sem fronteiras,
viver o se pode viver,
construir uma ponte segura entre
a realidade e a fantasia
e transformar a dor em ilusão
e, assim, viver em um mundo
seguro sem a loucura 
doente sem nenhuma razão.

(Millena Cardoso de Brito)

























sexta-feira, 7 de novembro de 2014

De que eu necessito?

Crédito: imagem retirada da net



Sentidos


Preciso da verdade,
Do carinho do mar,
Do perfume das flores...
Preciso tocar pensamentos,
Colher sorrisos sinceros...
Plantar com gestos suaves o amor,
 Para que Ele incendeie,
enfim, todas as almas.


(Millena Cardoso de Brito)

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A descoberta da imortalidade

Crédito: imagem retirada da net

O amor

Procuro aquele que entre olhares e gestos se esconde
Procuro no ar,
no céu, 
nas estrelas
aquele que a vida pode plantar.
Procuro o Amor em todos os seus contrastes e contradições,
despido de preconceitos, de cara lavada, peito aberto,
ferido, curado, intenso, suave, da forma que estiver,
mas que seja a autêntica expressão do ser divino.
O amor é o mágico da vida,
dá sentido a dor, 
e transforma a tristeza, o grotesco, o repulsivo à razão
em flores de singular beleza.
Mas, será que depois da morte há de haver amor?
Pergunto aflita.
Escuto o barulho do mar,
do vento a acariciar minhas faces...
E sinto com os olhos do coração e da minha inconsciência consciente
que a única resposta que pode haver é 
sim!
O amor torna a alma imortal.
Não existe morte para quem sente e vive o verdadeiro Amor.

(Millena Cardoso de Brito)

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Os modos dos verbos

crédito: imagem retirada da net
Eu amo aprender novos idiomas. Eles fazem parte de qualquer cultura e influenciam no modo que as pessoas relacionam-se consigo mesmo e com o mundo ao seu redor. Nada mais fascinante para mim do que tentar desvendar o que existe por trás das palavras, da estrutura linguística das línguas.

Confesso a minha predileção pelo meu idioma, a Língua Portuguesa, que me encanta a cada nova descoberta e/ou redescoberta que faço das regras práticas da Gramática ao escrever e estudar minha língua, sinto-me como se tivesse achado um oásis no deserto. Eu tenho sede de palavras e de compreender o que elas querem transmitir.

Acho que seria ótimo se os homens com aptidões na área tecnológica, criassem um aplicativo capaz de transmitir o significado do que realmente pretendemos dizer ao expressarmos algo por palavras. Pois, é engraçado como muitas vezes falamos ou escrevemos uma coisa para alguém e a (s) outra (s) pessoa (s) entende (m) algo totalmente distorcido do você de fato queria expressar.

Ao trocarmos mensagens, um conselho pode virar uma crítica maldoso, uma frase brincalhona pode tornar-se uma ironia, um bom dia educado passa a ser uma cantada, um sorriso transforma-se em deboche, ou dependente para quem for o riso até uma provocação. São muitos os exemplos de mal entendidos principalmente na comunicação verbal, mas também não escapamos disso acontecer utilizando a linguagem não-verbal.

O verbo é uma das mais refinadas armas de comunicação de qualquer idioma. Ele transmite ação, está no centro das orações, possui delicadezas intrigantes na formação de sua estrutura e é capaz de situar-nos no tempo e no modo desejados durante a construção de mensagens em forma de palavras.

Apresento a seguir como se compõe o modo dos verbos da Língua Portuguesa:

  • Indicativo: declara determinado fato como certo de ocorrer;
  • Subjuntivo: insinua o fato e deixa-o na dependência de alguma circunstância;
  • Imperativo: o falante atribui ao verbo um significado claro e definido, indicando de acordo com o contexto uma ordem ou uma súplica.
 * Exemplos dos modos do verbos:
  1. Tempos Simples: constituídos de 1 só verbo.  
  •  Modo Indicativo:
* Presente: exemplo- eu canto;

* Pretérito perfeito: exemplo-eu cantei;

* Pretérito imperfeito: exemplo-eu cantava;

* Pretérito mais-que-perfeito: exemplo-eu cantara;

* Futuro do presente: exemplo-eu cantarei;

* Futuro do pretérito: exemplo-eu cantara.


  • Modo Subjuntivo:
* Presente: exemplo- cante;

* Pretérito imperfeito: exemplo- cantasse;

* Futuro: exemplo- cantar (desinência modo-temporal -R).

            2. Tempos compostos: verbo auxiliar ter/haver +particípio do verbo principal

  • Modo Indicativo: 
* Pretérito perfeito: exemplo-tenho saído;

* Pretérito mais-que-perfeito: exemplo-tinha saído;

* Futuro do presente: exemplo-terei saído;

* Futuro do pretérito: exemplo-teria saído.


  • Modo Subjuntivo:
* Pretérito perfeito: exemplo-tenha saído;

* Pretérito mais-que-perfeito: exemplo-tivesse saído;

*Futuro: exemplo-tiver saído.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

O que o tempo não muda

Sequelas

Há um lugar vazio,
Um horizonte que não percorri.
Há saltos no tempo.
Nuvens ao vento,
Portas que não abri.
O ar envolvendo minha tristeza,
Faz o vento levar minhas lágrimas.
A chuva lava minhas feridas,
Mas não consegue apagar as marcas.
O perfume do momento fica 
gravado na memória
E o meu soluço rompe as barreiras
do tempo.

(Millena Cardoso de Brito)

crédito:imagem retirada da net

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O abismo da consciência da vida

crédito:imagem retirada da net

Mundos paralelos

Não preciso do teu céu,
pois existe outro céu que é infinito.
Preciso parar com estes devaneios 
que me perco mesmo com os olhos abertos.
Não dá para viver na irrealidade
inventada de um falso mundo,
mesmo que ele seja mais seguro para mim,
a minha vida precisa de mim para existir.
Renuncio aos meus dias com doses diárias
de indiferença.
Sinto que estou errada.
Mas, como sair do fundo deste abismo?
Não vejo nada que me ajude a subir sozinha.
Nem tudo posso ver daqui de baixo,
mas não perdi a esperança
de ver de cima o fundo desse abismo.
E sei que irei compreender muita coisa...
que hoje não entendo...
só espero que não seja tarde demais.

(Millena Cardoso de Brito)

domingo, 2 de novembro de 2014

Encontro com a Senhora Morte


Eu fui uma criança muito medrosa. Eu me lembro que o Dia de Finados me fazia sentir tão triste. A Morte causava-me calafrios e os mistérios que a envolviam mexiam muito com a minha imaginação infantil de forma que me fazia criar seres sobrenaturais, como, fantasmas, vampiros, zumbis, lobisomens, cabeça de cuia e outras criaturas medonhas que eu imaginava.

As pessoas costumam comparar a morte como um indivíduo com uma capa preta e uma foice para ceifar a vida das pessoas marcadas para morrer. Eu não acho que essa seja a imagem da morte. Para mim, ela é uma sábia senhora, sentada em sua cadeira de balanço, esperando a hora certa de conduzir as almas a um lugar desconhecido, porém de destino certo.

O Senhor Deus Onipotente ordena a hora que a discreta senhora deve conduzir os escolhidos ao local que Ele determinar. Ela cumpre seus desígnios, pois sabe quão nobres são os planos do Senhor. A senhora morte é dotada de muita sabedoria, Deus a dotou de grande astúcia, ela sabe que todas os seres vivos tem uma hora certa de deixarem sua vida terrena. Algumas vezes, ela não precisa ir ao encontro dos que iram deixar sua vida terrena. Certos humanos a procuram sem serem chamados e a abraçam. Em seu seio, os suicidas sufocam o sopro de vida  que lhes resta e escorrem dos braços da Morte rumo a um abismo e se jogam, deixam-na com os olhos rasos de lágrimas e os braços impotentes, sem poder mostrar o lugar, normalmente, destinado às almas de seu Mestre.

Certo dia, olhei a Morte nos olhos. Bati à porta dela, ela não quis abrir. Lembrei-me de que os suicidas arrombam a casa da Morte. Eu ia tentar agir como esses desesperados, mas ouvi uma voz suave que parecia vir de todos os lados e de lugar nenhum, ao mesmo tempo, a voz também era cortante. Era como se de repente meu coração estivesse enterrado no gelo e uma brisa de calor soprasse e aos poucos aquece-o. Meus ouvidos distinguiram nitidamente estas palavras:

- Não chegou sua hora, nem tente ir ao encontro da Morte, pois ela não vai recebê-la, dei ordens aos meus anjos para te guardarem aonde fores, és minha, tens o Nome escrito no livro da Vida.

Fiquei sem ação, meu coração contorcia-se como se os meus batimentos cardíacos fossem tomados por um ritmo de um coração que não me pertencia, não conseguia pronunciar nenhum som audível, cai de joelhos de cabeças baixa, pois me sentia exausta, como se carregasse um peso maior que o do meu corpo. Meus sentidos ficaram absolvidos por uma luz tão intensa que me paralisou por inteiro. Após alguns instantes, eu pude discernir o que a voz dizia, mas seu significado continuava obscuro e produziu na minha alma uma mistura de alegria e de dor. Pressentia grandes responsabilidades e um caminho de saborosos dissabores. Uma força arrebatou-me do meu torpor e eu pude pronunciar apenas essas palavras:

- De quem é essa voz? Quem é você?

A Resposta veio como um raio que incendiou todo meu ser: 

-Sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim.

Ao escutar tais palavras, imediatamente, deitei por terra com os braços estendidos em forma de cruz, e conseguia dizer apenas:

- Senhor, eu sou tão frágil, por que me escolhestes? Eu nada sou Senhor para desejar que eu fique perto de Ti.

Em seguida, chorei convulsivamente e vi que se aproximava de mim uma bela mulher de quase cinquenta anos, mas de uma beleza capaz de ofuscar as mais lindas jovens do mundo. Ela estava coberta por um manto azul e aproximou-se falando com mel nos olhos:

-Coragem, flor do campo, não estás sozinha!

Levantei os olhos e a imagem foi desaparecendo aos poucos de meus olhos molhados pelas lágrimas. Mas, continuava a sentir a presença e o perfume suave da mulher a envolver meus sentidos e pude distinguir dentre tantas sensações e sons um barulho como o rufar de asas atrás de mim e, novamente, escutei a voz da bela mulher a dizer-me:

-Eu sou a Mãe do Filho de Deus e de todos os homens, não tenhas medo de fazer o que Jesus e Meu Deus pedirem.

Essas palavras foram pronunciadas por uma das vozes mais bonitas que tinha escutado na vida. Elas trouxeram-me uma paz que me fez restabelecer a calma e manter minha atenção às instruções que Deus ia me transmitindo com Sua voz de Trovão:

- Você precisa conversar com a Morte para entender o seu sentido.

Apesar de ficar confusa com tais palavras, eu não senti medo algum, pois a cada palavra que saía dos lábios de Deus, eu podia sentir uma força que me arrastava para seguir o que Ele havia me ordenado. Fui chamar então a morte para conversar:

-Boa Senhora, eu preciso fazer-lhe algumas perguntas.

Esperei por alguns instantes a resposta, mas nenhum som ouvi. Percebi o receio da Morte e insisti:

- Não entrarei em sua morada, apenas, preciso conversar do lado de fora de sua casa, eu fui enviada pelo Nosso Senhor.

A morte entreabriu a porta e pude distinguir um perfil de Senhora, seios fatos e olhos astutos a me examinar com curiosidade:

- O que você deseja que eu diga?

Respondi timidamente:

- Quem és? 

Notei um brilho reluzir na escuridão dos olhos da Senhora que desarmou sua desconfiança e começou a me dizer:

- O Anjo rebelde do Senhor plantou no coração dos homens o Mal, o desejo de Poder, de conhecer mais do que o Criador, por isso, eu fui escolhida para morar nessa casa à espera de levar determinadas almas para um lugar desconhecido, mas muitas vezes os próprios seres humanos procuram-me por eles mesmos...

- Assim como eu?

- Sim!

-O que acontece com eles?

-Nem eu sei, minha querida.

-Você não tem pena dessas pessoas que você vai buscar? A Senhora destrói seus planos, retira-as das pessoas que ama e espalha a tristeza entre as pessoas...

-Eu apenas cumpro ordens.

-Você sabe o motivo do Senhor não acabar com a condenação das pessoas?

- Ele já acabou com a condenação, menina, Deus fez-se homem, sofreu morte de cruz para mostrar aos seres humanos que é possível suportar o sofrimento e se sacrificar pelo bem dos outros e por amor a Deus.

-Que tipo de amor é esse que causa dor?

-O amor sem dor não faz sentido, minha querida. Cristo precisou morrer para ressuscitar para uma vida nova e com isso permitir que todos os homens também a tenham.

- Que amor tão grande foi esse, Morte, que se deixou ferir para curar as feridas de tantas pessoas que muitas vezes desprezam Deus?

- É um amor imenso, menina, você nem pode imaginar. Eu nunca fui buscar homem tão feliz, mesmo muito tendo sofrido tanto. Jesus Cristo irradiava de sua carne quase sem vida uma imensa paz e quando seus olhos cruzaram os meus, eu pude ver sorrir nele uma Esperança que nunca tinha visto em outro rosto. 

-Isso significa que é necessário vê-la para encontrar a verdadeira felicidade?

-Não chega a tanto. O Senhor disse-me que a morte apenas é necessária para que renasçam outros sentimentos e a matéria corruptível revista-se da perfeiçãodivina, essas são as palavras do Mestre.

- Agora, entendo minha boa Senhora, és muito sábia.

-Não fale assim, menina, não esqueça que iremos nos encontrar de novo e da próxima vez nosso encontro pode não ser tão agradável...Eu tenho os meus dissabores... Não esqueça que você precisa se preparar para esse dia como o Senhor Jesus Cristo estava preparado.

Nesse momento, senti um arrepio que logo se desfez em um largo sorriso ao me lembrar das palavras de amor que Deus me havia dirigido. A Morte olhou-me desconfiada e disse:

-Precisa ir embora. Isso é tudo o que me é permitido contar.

Respondi, mecanicamente, as palavras que pronunciei saíram confusas como meus pensamentos:

-É tarde para a Morte... acho que tem muito o que fazer... espero que não.

A Boa Senhora sorriu do meu desconcerto.

- Vá em paz, menina, e não esqueça as palavra do Mestre Jesus - Vigiai e orai para não cair em tentação, pois o Espírito está pronto para resistir, mas a carne é fraca- Sua família deve estar ansiosa para vê-la bem.

De repente, senti uma força me levantar rumo ao céu, eu podia sentir o barulho das asas de um ser que me sussurrava:

- Sou o Anjo Rafael, o anjo encarregado de curar os humanos, agora, você precisa acordar e ter coragem para fazer o que lhe foi pedido.

Por um momento meus olhos foram envolvidos em uma escuridão absoluta e todo meu ser estava envolvido no nada. Não sei em quanto tempo tudo isso aconteceu, eu sei apenas que subitamente pude abrir meus olhos e ver o branco das paredes. Estava deitada numa cama que me parecia ser de um hospital. Olhei para o meu braço e vi que estava com uma agulha em minhas veias, levantei a cabeça com certa dificuldade e vi que o soro já estava no final e senti olhares carinhosos a me encher de carinho. Ao conversar com meus familiares e com as pessoas que estavam cuidando da minha saúde, eu fui tendo consciência de que tinha escapado por pouco de uma tentativa de suicídio. Por um milagre, diziam, e no meu íntimo isso era uma certeza que me marcaria pelo resto dos meus dias.

Depois de sair do hospital as palavras que ouvi de Deus continuavam a arder no meu peito. E pude compreender:

 - "Tu me seduzistes, Javé, e eu deixei-me seduzir (Jr 20,7)."

(Millena Cardoso de Brito)


sábado, 1 de novembro de 2014

Uma reflexão sobre a morte

A Morte sem lamento

Farei da minha morte minha salvação,
Bandeira da rendição
do que não se pode fugir,
do que não se pode negar.
O grito sem consciência do corpo,
matéria que quer descansar
de tantos lamentos que a vida traz.
Alma querendo um porto,
Querendo um lar,
Para fugir
De tantos enganos,
Dos falsos ganhos, 
Da falsa paz,
E encontrar o repouso
no Que se possa Eternizar.

(Millena Cardoso de Brito)

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A peçonha do desejo

Embriaguez

Para que falar da Paixão,
se a força de tal sentimento é peçonha
que nos nutre das mais doces ilusões?
Se deturpamos sua essência e
nos embriagamos em seus enganos e
entorpecemos os nossos corpos 
em nossa fragilidade?
Paradoxalmente, ao meu desejo sinto
a repulsa de seus beijos de serpente
que me envolvem meu corpo
em um estranho gozo.
Pergunta-me o porquê de a verdade brincar
em meu olhar sombrio.
Respondo apenas que meus olhos
procuram no vazio a verdade
que teima em fugir a razão.
Bebemos um no outro um vinho
que nos faz esquecer por um tempo 
nossos medos.
Seus lábios, 
sorrisos,
suspiros,
palavras soltas!
Que mentira enlouquecedora!
Depois golpes de realidade jogam ao chão,
o que habitava as nuvens...
Realidade necessária para que não se consuma
a vida na ilusão,
não quero o medo,
quero o amor,
o amor desprendido,
o verdadeiro amor.
porém, preciso estar perto
de quem amo em segredo, dor
ou do engano nas mentiras do presente.

(Millena Cardoso de Brito)


Questionamentos

Será preciso aprender a conformar-se com tudo?
Não irei fazer rimas.
Quero apenas pungir o papel
com palavras impetuosas,
porém verdadeiras,
para desabafar o que minha boca cala.
Não irei idealizar a vida, pois sua aspereza 
desilude quem a vive.
Provoca angústias, feridas n'alma.
As feridas d'alma demoram a sarar.
Marcam e, muitas vezes, nem o tempo é capaz de cicatrizar.
Os nossos dias parecem eternos,
mas de repente tudo passa.
Somos perseguidos pelo véu do esquecimento.
Vivemos como se fôssemos prisioneiros de uma cadeia
interminável de frágeis vidas
que terminam, quando menos se espera para um fim...
Que fim?
Deus...
Conforta confiar na sua existência.
essa é a resposta parta a nossa existência,
pois viver para ter um fim eterno seria contraditório demais!
Para que serviria tudo que fizemos na Terra?
Não encontramos todas as respostas.
Talvez soltas as palavras não façam sentido,
não digam nada.
O passado traz consigo para o presente sequelas, marcas, como tatuagem, 
marcam de forma a ferir até que algo mais forte venha apagar.
Um vento capaz de apagar o fogo tem que superar o fogo.
Remediar?
Como remediar?!

(Millena Cardoso de Brito)

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Abrigo divino

crédito: imagem retirada da Internet

Almas

Almas perdidas a procura de um abrigo seguro
Solitárias almas em busca d'alegria
Que procuram a parte que lhes falta
para preencher seu vazio.
Como se cada alma fosse incompleta.
Mas, oh almas, sentindo-se sozinhas.
Não se desespereis!
Seja Deus seu abrigo,
Pois não há na terra complemento
Que preencha nossas almas.
Há apenas e constante procura de companhia.
Companhia para procura da Felicidade
Que só pode ser alcançada na entrega
De nossa alma a força maior
Que nos rege:
O Verdadeiro Deus.

(Millena Cardoso de Brito)


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Leitura: um precioso e delicioso alimento para mente e alma!

conclui a leitura de um livro que me fez refletir vários pontos importantes sobre a vida humana. O nome do livro é "Médico dos Homens e de Almas: A história de São Lucas, escrito por Taylor Caldwell. A autora levou 46 anos para concluir o livro, começou a escrevê-lo aos 12 anos de idade, impulsionada pela sua admiração pela figura de São Lucas, chamado no livro de Lucano, um dos poucos discípulos de Jesus que não conviveu com o Mestre. Apesar disso, Lucas escreveu um dos evangelhos da Bíblia Sagrada dos cristãos. Ele era médico, erudito, não era judeu, e sim grego, e percorreu um tortuoso e doloroso caminho até compreender sua missão como servo de Deus. Ele fora criado para amar os deuses, mas o seu coração ardia pelo "Deus Desconhecido". Os gregos tinha um templo em honra a vários deuses e, dentre tantos, um local despido de esculturas e com inscrição "Deus Desconhecido" chamou a atenção do pequeno Lucano no templo grego que visitava na sua infância com os pais.

Uma das coisas que mais me encantou foi o cuidado com que foram retratados as diferentes crenças religiosas no livro. Retratar histórias é muito complexo, principalmente quando resvala sobre o assunto religião. Cada uma delas possui sua essência e deve ser respeitada como crença e opção de cada um. Eu sou católica, e deleitei-me em acompanhar a trajetória de Lucano, São Lucas, descrita no livro.
Na infância, Lucas amava o que os seus pais gregos chamavam "Deus Desconhecido", porém, não entendia o porquê desse amor, nem quem realmente era o tal Deus, que os diferentes povos, inclusive o seu, chamavam de "Deus dos judeus".

Esse amor transformou-se em ódio com a morte de sua amiga de infância, que morreu na adolescência, quando os dois começavam a despertar para o amor entre homem e mulher. Lucano revoltou-se contra Deus e resolveu tornar-se um dos mais competentes médicos, e assim ser capaz de tirar, do que ele chamava "Tirano", suas vítimas para ele inocentes, pobres e desvalidos. Apesar de ser rico, largou família e poder, inclusive a proteção do imperador romano Tibério, que era amigo de sua família, para consultar e tratar de graça escravos, camponeses pobres, e considerados sem valor para sociedade da época, em navios e portos. Ele tinha o dom da cura. Deus piedosamente tinha um plano grandioso para Lucano. Nas suas viagens, curou pessoas atingidas pela peste, "lepra", câncer, além de doenças psicológicas e espirituais. Toda sua ira por Deus reverteu-se em dolorosa piedade, capaz de tocar e sarar várias pessoas, na sua trajetória rumo ao conhecimento de Deus. Lucano ouviu falar de um homem que realizava milagres e que muitas pessoas diziam ser o Messias, esperado a tempos pelos judeus e profetizado por vários povos,  e sua inquietação aumentava com as informações que recebia sobre ele.

Certo dia um grupo de pacientes depredou a residência de Lucano e bateu até deixar desacordo o seu auxiliar que morava com ele. Um camponês rico, ao se passar por pobre, e sendo desmascarado por Lucano, não quis pagar a quantia que o médico cobrou a ele em razão dele ter posses. O homem não quis gastar dinheiro com outro médico que auxiliasse o parto de sua mulher, que abortou o filho deles. O rico velhaco revoltado com a situação, culpou erroneamente Lucano, e incitou os pobres que esperavam atendimento,  enquanto o médico saiu para atender o chamado urgente de um paciente, a sentirem raiva de Lucano, pois ele estava abrigando um escravo que segundo o povo adotava prática de magia que prejudicava as pessoas. O negro que auxiliava o médico nas consultas não era mais um escravo, pois tinha sido liberto por Lucano, e nada de ruim fazia a ninguém. Ele foi espancado e a casa do médico destruída. Quando Lucano chegou ficou horrorizado com a cena, e viu seu querido amigo machucado, e tinha apanhado tanto a ponto de ter os olhos inutilizados, ele estava cego.

O médico percebeu pela primeira vez que o ser humano não era tão inocente e injustiçado como ele tinha imaginado. Nesse momento pediu perdão a Deus pelos anos de ódio, e começou a enxergar o caminho que precisava seguir para encontrar o que finalmente, depois de muitos anos de dúvidas, sabia procurar: Deus.
Ao final do tratamento de seu amigo machucado, chorou ao pensar em ver os olhos inutilizados desse que além de mudo, ia ficar cego para o resto da vida, tão grande foi sua surpresa e alegria, quando viu que ele via como antes. Percebeu, então, que um milagre havia acontecido. Deus tinha curado o seu amigo através de seus pedidos e orações. Dias depois, ao saber do paradeiro de Jesus, o amigo do médico, chamado Ramo, foi embora e deixou uma carta de despedida, dizendo que ia atrás do Messias para que ele o curasse e eliminasse a maldição lançada no passado sobre o seu povo, pois ele era da tribo dos filhos de Cam. Lucano, apesar de triste, sabia o quanto Ramo havia desejado ver Jesus e desejou apenas que ele tivesse êxito em sua busca.

Passado mais algum tempo, ele sentiu a confirmação em seu coração de que o Jesus de que falavam era o Filho de Deus, prometido aos homens para vir à Terra para a salvação de todos. Lucano recebeu uma carta de  Ramo que contava como foi seu encontro com o Mestre e como ele tinha o curado de sua mudez, além de ter removido toda maldição contra o seu povo, ele contou que tinha voltado para sua Terra espalhar a Boa Nova e pedia desculpas por ter deixado o amigo médico sozinho.

Depois de cumprir suas obrigações como médicos em vários portos e embarcações, mais de um ano depois da crucificação de Jesus, Lucano pisou na terra, onde sentiu a Paz que tanto procurava. Ele foi inspirado pelo Espírito Santo a escrever o Evangelho sobre a história do Filho de Deus, e visitou os apóstolos de Cristo, e sua Mãe, em um dos momentos mais belos do livro. É um livro que vale a pena ser lido não apenas com os olhos da razão, mas também do coração.

CALDWELL, Taylor. Médico de homens e de almas.Tradução de Aydano Arruda. 50ª ed. Rio de Janeiro: Record. 2012.

by Piêtra Giovana Santos de Brito (minha sobrinha)