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quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Viver

Crédito: Imagem retirada da Internet


Não estou pronta para viver a minha idade cronológica,
Mas a vida talvez seja isso a gente viver no susto.
Não estar preparado para o fim nem para o início,
Nem conseguir acompanhar o curso do tempo.
Não há como conter o inesperado,
Nem fazer que tudo aconteça da maneira que desejamos.
Precisamos ter calma para atender as necessidades do momento.
A minha ânsia de infinito me fez preservar a infância no ser e nos gestos,
Guardar o encantamento das noites de luar,
Lançar-se ao novo com a confiança
De que haverá sempre amparo.
Para mim tudo é imenso e intenso
E há novidades no simples abrir e fechar de olhos.
Não consigo contar o tempo por anos,
Mas pelo que sinto do que vivi.
Há dias cheios de eternidade e outros vazios.
Sou levada pela transitoriedade da vida
Que me abraça com dedos firmes
E me prende às minhas escolhas.
Mas, o que procuro é a permanência,
Deixar o medo de perder a consciência
E viver a certeza de que existe o Eterno.
Gosto de saborear o passar do tempo
Mas preciso da certeza do por vir.
Não estou pronta para viver a minha idade cronológica,
Mas a vida talvez seja isso viver.


(Millena Cardoso de Brito)

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