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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Canibal

Crédito: Foto retirada da Internet

Eu gosto de comer o seu corpo.
Não me sacia a autofagia.
É deliciosa a sensação de sua pele
Contra os meus dentes,
Senti-lo se dissolvendo 
Quando eu sugo a sua carne.
Parece um desejo perverso,
Mas é enganoso pensar assim.
Eu gosto de me saciar com a sua vida.
A sua carne é só um pretexto,
Um convite para você me habitar.
Não é suficiente o nutrir do prazer solitário,
As minhas mãos não alcançam 
O pleno desejo. 
É escavar o vazio
Simular o instante mais cheio de vida 
Sem o alicerce que o sustenta.
Sinto náuseas com o prazer incompleto, 
Eu busco na sua carne
Completar inteiramente 
O momento irrepetível da nossa união
Com o Divino.


 (Millena Cardoso de Brito)



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