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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O peso da consciência

Pensar

Digo o que não se deve dizer.
Palavras com vida própria,
sedentas de luz,
suaves ou amargas,
surgem sem etiquetas.
Palavras que ferem, envenenam, despertam, curam..
Pensar dói.
A dor de pensar
e presenciar, na superfície da consciência,
os homens sangrando a decadência das horas,
tombam os indivíduos de incabível verdade.
A escuridão sufoca a luz.
A realidade acena em rostos fugidios,
imagens transfiguram-se em sombras,
pensamentos transpassam minha mente 
em ímpetos de dor e de medo.
Faz frio.
Sinto que o descortinar da realidade
é envolvente, mas doloroso.
O que não sabia podia pressentia,
mas meu sentir era de mais suave,
entorpecido pela voz de um silêncio acalentador.
Mãos invisíveis tocavam-se enquanto meus olhos não viam o mundo.
Ao chegar à superfície, ouço o grito cego dos instintos.
Acostumado com a lama,
a mão que golpeia
parece afagar.
Mãos sem firmeza, colhem restos de esperanças 
junto ao chão árido.
A chuva molha o segredo das horas.
O chão prende e massacra.
Dias incertos.
Precipício, redenção.
Tudo impele ao desespero,
calando não consegues plantar
e morres na solidão.
Incautas almas!
O horizonte não tem fim...
Sabe que existe:
a luta começou.

(Millena Cardoso de Brito)

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