Translate

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Monólogo Dramático

Precipício

Jogar-me de um precipício, 
matar-me!..
Isso não posso fazer,
não sou uma suicida,
não conseguiria matar-me,
sei que não.
Não por covardia,
pois me matar seria a covardia maior,
mas por quem amo.
Tenho que lutar contra as sombras.
Não posso ser covarde a tal ponto de desistir da vida.
Sigo nas horas por entre nuvens escuras de um temporal.
Apenas, alguns raios de luz conseguem ultrapassar a escuridão.
Não entendo!
Quando tudo parece tão claro,
há sempre uma névoa que volta a incomodar.
Nem tudo passou,
o espelho continua virado,
não sei o que restou de mim.
Meu sentir tornou-se uma avalanche
de sentimentos contraditórios.
O veneno foi posto à mesa,
as facas clamam por meu sangue.
A morte me chama,
chama-me,
e eu não tenho forças nem de ir tocá-la.
Deixo-me levar atônita
pelo turbilhão das ondas do destino,
se esse existe nem me importa saber...
Espero apenas um fim...
talvez tão insignificante
quanto o meu próprio nascimento.
O que posso dizer de tudo o que vejo?
Não é difícil compreender...
toda essa dor...
O próprio Universo me entende,
até o Eterno se revolta com esse mundo.
Preferiria não ter nascido
do que ter que ver toda essa gente destruir-se.
Meu enterro foi consumado,
espero apenas o dia da Ressurreição.
Na esperança da alegria de dizer que
tudo valeu a pena,
até a morte.
Morro na vida até chegar a morte do corpo
e alcançar o tão ansiado 
Universo sem dor, nem medo,
o descanso total,
ou chegar a esperança dos que creem
na felicidade absoluta.
Muito sangue já foi derramado,
o que falta para o desfecho
desta tragédia humana?!
Ainda respiro,
sem saber até onde ou aonde irei chegar...

(Millena Cardoso de Brito)


crédito:uma imagem da Internet

Nenhum comentário: