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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

De repente, quem sabe é amor?!

Amor desmedido

Na gruta do céu, o lampejo translúcido do sol,
canta a alma e ecoa no silêncio,
e escuta as vozes sem razão de ser...
Nos ermos aonde passeio,
as vozes trazem o passado vivido e inventado
nas lembranças e pensamentos em passos.

Vi teus olhos, onde a verdade esconde-se
na estrada aonde passei.
Em seguida, fugi do que longe concedo,
e continuei na prisão a qual sou refém.
O orgulho a brigar com o amor.
Não há o que explicar...
só consigo sentir o que não queria sentir,
é loucura talvez...

Preciso não sei de que,
mas é tu que queria aqui,
mas estou com raiva...
mas queria...
no silêncio de não poder te mar...
na impotência de querer...

Espero um fim...
sei que haverá um fim...
teus lábios, tua voz, calor, carinho, palavras...
mais do que isso...
meu orgulho...
barreiras...
teus erros.

Os pronomes eu, tu, você em mim, 
para que pensar nisto?
Se é ela com quem tu falas, confias,
e talvez, até, a ame?
Sou um desejo, 
mais um corpo a ser desejado
em um momento de distração...
Será assim?!

Eh!...não deveria ter entrado neste jogo.
Não sei mais o que digo,
apenas procuro desculpas, culpados, respostas...
Perguntar por ti, para que?
Se não valho palavras,
nem mentiras em que vivo,
sobrevive esse amor?!...

Queria chegar perto de ti,
não mais...
apenas ter teus olhos nos meus
e seguir...
sem direção no horizonte em que me perco.
Nosso espaço, nosso tempo,
refúgio da minha mentira,
do teu momento,
de nossa vida fugitiva...

Meu corpo, 
teu corpo,
enfim, a verdade revelada na retina,
o toque da alma acolhida,
concedida em outra alma desconhecida...
Idealização que procuro dissipar 
na solidão do claustro das palavras.

(Millena Cardoso de Brito)

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