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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Eu e meu tempo

Tempestade

O céu chora,
e é capaz de tocar 
a minha alma.
O som da chuva
caindo no telhado
acalenta meu choro,
como música 
penetra minh'alma,
e dissipa as nuvens
escuras do meu temporal.

(Millena Cardoso de Brito)

crédito : Millena Cardoso de Brito

Pensamentos revolvidos

Lampejos

Não há noção de tempo.
Não há passado, 
Não há presente.
O futuro é indiferente.
Dissipo a vida em pensamentos.
Meu Deus, toque-me de novo.
Eu já não posso sentir os lampejos do teu suave toque.
Vou negar o sentimentalismo dos desesperados.
Não quero cantar ao decadentismo.
Perfuro o ferro.. 
Frágil e forte.
A essência é a melhor bebida.
Traga a espada.
Acenda a chama.
Ela está se extinguindo.
Palavras represadas,
Colhidas no caminho de pedras.
O poeta luta.
Procura a palavra exata
para exprimir o incerto.
No jogo das palavras,
A mente voa, 
Versos passam,
A ânsia permanece...
As palavras sucumbem nas linhas dos versos:
É a vitória perdida para imensidão do ser,
que o amor resume e consome.

(Millena Cardoso de Brito)

sábado, 16 de agosto de 2014

Tempo

A Hora

Nunca ninguém está preparado para hora do fim.
Ninguém nunca aprendeu a morrer.
Somos responsáveis por nosso tempo
E nossa hora,
Hora de Ser,
Hora de Fazer,
Mas a hora da morte,
Essa não é nossa.

(Millena Cardoso de Brito)

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Solteiro/a?


Não tenho a mínima ideia de quem inventou o dia do solteiro, mas pensei que seria legal compartilhar com meus leitores a minha visão sobre ser ou estar solteiro. Desde meu nascimento, que foi em 29 de agosto de 1988, até o dia de hoje, 15 de agosto de 2014, estou absolutamente solteira. Então, eu tenho conhecimento pleno sobre a "solteirice". Eu lembro que, na minha infância, chorava de raiva quando algum coleguinha falava brincando que eu estava namorando, apenas porque estava brincando perto de algum garoto.

Naquela época, lembro, também, que os meninos e meninas gostavam de brincar de “pêra, uva, maça, salada mista”. Essa brincadeira era assim: uma pessoa era escolhida para ficar com os olhos fechados, enquanto as outras crianças misturavam-se, para que a pessoa de olhos fechados não soubesse localizá-las. Então, a pessoa que conduzia a brincadeira apontava para o grupo de crianças presentes, e perguntava para quem estava de olhos fechados qual das crianças apontadas ela escolhia, e qual das frutas também, sendo que pêra significava que a criança daria um aperto de mão na outra, uva daria um abraço, maçã daria beijo no rosto, e salada mista daria um beijo sem língua na boca. Era a maior festa entre a criançada, mas eu não gostava nada daquela brincadeira, e sempre que era indicada como alvo da tal salada mista, eu colocava a minha mão na boca, e o máximo que os meninos e meninas conseguiam era beijar minha mão.

Um dos episódios da minha vida que até certo tempo me trazia dolorosas lembranças: foi o dia da minha primeira menstruação. Eu tinha 13 anos e sabia que aquele momento era um marco na vida de toda mulher, e tinha lido nos livros de ciências que, a partir daquele momento sentiria a necessidade biológica de unir-me a outro ser, ou seja, ter relações sexuais. Essa idéia para mim trazia muito desagrado. A infância era meu refúgio, tinha medo de crescer, não queria ter que me apaixonar por ninguém, e sofrer como as mulheres que conhecia. 

Eram tantas as histórias tristes das senhoras casadas amigas de minha mãe, e, inclusive da minha própria mãe sobre os homens que maltratavam seus corações, mas, ao mesmo tempo, parte importante de suas vidas. Eu sempre via as relações amorosas com olhos desconfiados, e confesso que até hoje essa desconfiança perdura. Atualmente, os relacionamentos são tão frágeis, as pessoas se separam com tanta facilidade, que chego a evitar envolver-me demais com as pessoas.

Eu acho que me apeguei a minha vida de solteira, é bom sentir a liberdade de poder sair com seus amigos sem peso na consciência de deixar um coração apertado de ciúmes em alguma parte do mundo, ou se esse existir você não tem compromisso nenhum com a dor voluntária desse alguém. O solteiro não deve satisfação sobre o que fez durante todo o dia a outra pessoa, ao não ser que seja sustentado pelos pais, mas isso é outra estória; pode pensar em todos os homens ou mulheres solteiros e interessantes do mundo, e admirá-los e paquerar à vontade, sem peso na consciência. 

Uma das únicas coisas chatas da vida de solteira é que, a maioria das pessoas, pensa que você é um infeliz, porque não tem um namorado, marido, ou coisa parecida, e tenta empurrar para você pessoas que você não tem atração, nem vontade de relacionar-se amorosamente falando, e quem disse que todo solteiro está em busca de alguém? 

Houve um tempo que pensei em ser freira, sério! Não é brincadeira. Viver uma vida de clausura para poder dedicar-me a oração a Deus e aos irmãos atraiu-me bastante durante grande parte da minha juventude, cheguei a frequentar Carmelos para conhecer mais sobre a vida das religiosas consagradas. Ao contrário do que muitos pensam, a maioria delas vive muito feliz atrás das grades que a separam das vivências sociais mundanas. É curioso observá-las sorrir e contar piadas, e imaginar que poucas são as vezes que elas têm acesso a vida fora das paredes do convento. 

Ao conversar com uma delas na minha visita ao Carmelo da cidade de Teresina, capital do estado brasileiro do Piauí, senti em cada palavra da freira, aliás, muito jovem e bonita, a alegria que ela sentia em poder viver em constante estado de meditação e oração a Deus e também para salvação das almas dos irmãos do mundo inteiro. A paz que senti ao ouvir as freiras falando ou cantando com suas vozes angelicais sobre as coisas divinas invadiu meu ser, e, por alguns momentos, parece que o chão tinha saído de meus pés, e eu flutuava, pisando em nuvens. Uma sensação que guardo até hoje, e que me levou durante muito tempo dos meus vinte anos a pensar a unir-me aquelas almas tão dóceis a clausura. 

Hoje mesmo recebi uma notícia maravilhosa, uma das minhas amigas que assim como eu foi visitar o Carmelo em busca de descobrir sua vocação, finalmente, encontrou-a. Vocação significar discernir sobre o que você nasceu para ser o resto de seus dias na Terra. A minha amiga foi, há mais ou menos uns dois anos atrás, para um Carmelo no estado do Rio Grande do Norte, e vai receber, neste domingo, os chamados “votos”. Essa é uma cerimônia religiosa da igreja católica, em que a aspirante a carmelita compromete-se a tornar-se “esposa” de Cristo, ou seja, faz seus votos de pobreza, obediência e castidade a Deus e a igreja católica apostólica romana. Eu imagino que deve ser uma cerimônia belíssima e emocionante. Meu coração alegrou-se bastante com esta notícia. Em relação, ao meu desejo de ser carmelita essa notícia trouxe-me a seguinte reflexão: a vida está em constante mudança! 

O tempo é um escultor de personalidades. Em relação ao meu desejo de ser uma carmelita, ele diminuiu. Sem perceber as minúcias de como e quando aconteceram às mudanças que aconteceram dentro de mim, senti crescer uma atração irresistível rumo ao que por tanto tempo repudiei: relacionamentos amorosos. Estou descobrindo minha vida afetiva aos 25 anos, prestes a chegar aos 26 anos, amizades, a relação com familiares, comigo mesma, com os homens mudaram... 

Sinto que estou tocando em um novo terreno novo e desconhecido, que tentei não pisar por um longo tempo, e até fugia de tocá-lo. Trato as questões amorosas com muito respeito, e com a sensatez que o assunto merece ser lidado. É verdade que ainda sofro pela tentativa, na maioria das vezes, frustrada de não apegar-me às pessoas. 

Porém, aos poucos, meu relacionamento com Deus está ajudando-me a vencer meus medos, de decepcionar-me, ser rejeitada, e outros fantasmas da mente humana. Aprendi a ser feliz sozinha, não tenho medo da solidão, estou feliz solteira, mas também sei que haverá um dia em que mudarei de status, não por imposição da sociedade, ou pressão dos amigos, mas porque irei encontrar a pessoa que Deus reservou para compartilhar comigo o resto da minha vida.

Lembrem-se de que o tempo passa rápido demais para ser desperdiçado com coisas sem importância, amem, dancem, cantem, aproveitem a companhia dos amigos, amores, aproveitem cada fase de sua vida para cultivar o bem. 

E Feliz Dia do Solteiro!

(Millena Cardoso de Brito) 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

De repente, quem sabe é amor?!

Amor desmedido

Na gruta do céu, o lampejo translúcido do sol,
canta a alma e ecoa no silêncio,
e escuta as vozes sem razão de ser...
Nos ermos aonde passeio,
as vozes trazem o passado vivido e inventado
nas lembranças e pensamentos em passos.

Vi teus olhos, onde a verdade esconde-se
na estrada aonde passei.
Em seguida, fugi do que longe concedo,
e continuei na prisão a qual sou refém.
O orgulho a brigar com o amor.
Não há o que explicar...
só consigo sentir o que não queria sentir,
é loucura talvez...

Preciso não sei de que,
mas é tu que queria aqui,
mas estou com raiva...
mas queria...
no silêncio de não poder te mar...
na impotência de querer...

Espero um fim...
sei que haverá um fim...
teus lábios, tua voz, calor, carinho, palavras...
mais do que isso...
meu orgulho...
barreiras...
teus erros.

Os pronomes eu, tu, você em mim, 
para que pensar nisto?
Se é ela com quem tu falas, confias,
e talvez, até, a ame?
Sou um desejo, 
mais um corpo a ser desejado
em um momento de distração...
Será assim?!

Eh!...não deveria ter entrado neste jogo.
Não sei mais o que digo,
apenas procuro desculpas, culpados, respostas...
Perguntar por ti, para que?
Se não valho palavras,
nem mentiras em que vivo,
sobrevive esse amor?!...

Queria chegar perto de ti,
não mais...
apenas ter teus olhos nos meus
e seguir...
sem direção no horizonte em que me perco.
Nosso espaço, nosso tempo,
refúgio da minha mentira,
do teu momento,
de nossa vida fugitiva...

Meu corpo, 
teu corpo,
enfim, a verdade revelada na retina,
o toque da alma acolhida,
concedida em outra alma desconhecida...
Idealização que procuro dissipar 
na solidão do claustro das palavras.

(Millena Cardoso de Brito)

Um encontro de almas

Lembranças

Quando as almas encontram-se
A mente consente o sentir
Descobre-se o véu da felicidade
Há o desabrochar súbito do amor.
O amanhecer da alma
dissipa toda névoa,
que cobre o peito,
e planta-se uma semente,
que brotará e deixará 
para sempre a presença 
de quem a deixou.

(Millena Cardoso de Brito)


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O preço da Liberdade

Liberdade

Vivo presa a uma liberdade aparente.
Tenho a cadeia da razão para me sufocar
Tenho minhas manias que não consigo deixar

A sociedade sempre doente 
Nesse bombardeio de informações.
As ideias confundem as emoções
O prazer tornou-se raro,
o dever caro.

A opção sofre falta de opção.
No peso das escolhas,
perco a noção das perdas...

E minha liberdade vira uma prisão!

(Millena Cardoso de Brito)

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Um Refúgio chamado poesia

crédito:imagem retirada da Internet

Desejo

Desejo fazer parte da tua vida 
e não mais dizer adeus
Tocar a tua alma o mais fundo possível
e colher dos teus lábios as palavras 
que preciso ouvir.
Meus desejos vagam incertos
 por teu corpo,
consomem nervos, sentidos,
fogem, perdem-se...
e vão refugiar-se no abismo dos teus olhos.

(Millena Cardoso de Brito)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O que sua consciência diz?

                                          Crédito: reprodução de imagem da internet


Minha consciência dói, desde criança sou assim. Uma mentira que, muitas vezes, parece boba cava no meu peito um sentimento tão ruim! Tritura-me por dentro, como se eu tivesse roubado algo de alguém, apesar de nunca ter roubado. Para mim é difícil admitir a existência da maldade. 

Eu sei todos tem seus vícios e virtudes, mas enxergar em mim algo ruim envergonha-me, faz com que me sinta mal, a pior pessoa do mundo. Tenho esses extremos em mim. Cobro-me demais. Não sei se foi minha criação baseada nos princípios cristãos de amor a Deus e à humanidade, apenas, sei que assim é que sou eu. Não suporto ver em mim sentimentos que minha consciência repudia, ou praticar atos que maculem meus ideais.Todos aqueles princípios, que hoje estão desgastados, como, bondade, honestidade, fraternidade, honra são bem mais caros para mim do que o bem material mais precioso.  Eles definem uma pessoa de bom caráter e deveriam ser defendidos por todos. 

O homem progrediu como nunca visto em relação aos conhecimentos científicos, mas em relação aos valores que o diferenciam dos outros animais, regrediu, e muito. Ao entrar em contato com os meios de comunicação, veículos que encurtaram as barreiras de tempo e espaço, o que se observa é a relativização dos valores. Esses se tornaram maleáveis, visto de acordo com a distorcida ótica individual. 

A tecnologia encurtou as dimensões de tempo e espaço, mas, contraditoriamente, aumentou o abismo entre o ser de cada um. Para provar isso, basta citar o crescimento do número de casos de depressão e suicídios, principalmente, entre os jovens, além da precariedade dos relacionamentos. 

Na família moderna, nas classes sociais que tem acesso às novas tecnologias, cada membro da família possui seu próprio aparelho de celular ou televisão. E, em vários lares, deixa-se de conversar e aprofundar os laços familiares para acessar redes sociais, e ostentar para desconhecidos uma vida que, muitas vezes, não condiz com a realidade. O deslumbramento pela tecnologia, notoriedade, consumo, status vem substituindo vivências necessárias ao bem estar do ser humano. 

A conversa na porta de casa com os vizinhos, os ouvidos atentos dos filhos para os conselhos de alguém mais velho e sábio, as visitas aos vizinhos doentes, os sacrifícios de escutar pela centésima vez as mesmas estórias contadas pelos pais sobre o tempo em que eram jovens. O mundo tem pressa, esqueceu da busca pela Eternidade, e outros ideais que não se deteriorizam pela chegada de outro modismo.

Eu vejo a minha volta o cultivo de valores pobres, como, dinheiro, fama, que se germinarem, produzirão uma geração vazia, superficial, e de indivíduos sedentos por algo que desconhecem, pois apenas ouviram falar nos livros, ou acessaram em uma página da Internet. Uma geração desacreditada de Deus e numa busca desenfreada por prazer para aplacar a dor primitiva da falta da imortalidade. 

Quem será esse Deus, que vê tantas coisas ruins acontecerem, pode acabar com os sofrimentos de todos, e não acaba? Muitos assim perguntam, e eu também já fiz tal questionamento algum tempo atrás. Eu encontrei Deus. Ele vive dentro de mim. Não é uma força da natureza, é uma pessoa com quem tenho aprofundado meu convívio, com certos tropeços pelo caminho que me afastam por pouco tempo dele. A resposta dessa pergunta não pode ser dada em palavras. É como querer definir o gosto de uma comida que você nunca provou. É preciso experimentar para descobrir. Para descobrir quem é Deus e suas peculiaridades, é preciso deixar os sentidos despertos, e ouvir com os olhos do coração o que ele diz, faz, sente. É preciso literalmente experimentar quem é Deus.

Meu relacionamento com Deus é antigo, desde criança tenho longas conversas com o Senhor Todo Poderoso, que foi apresentado pelos meus pais a mim. Depois, cresci, quis me rebelar, mas a força irresistível do amor de Deus nunca permitiu que eu me separasse definitivamente dele. Ele salvou-me várias vezes da morte e da minha própria maldade. Esse é um dos motivos para minha consciência doer ao roçar mesmo de uma pequena injustiça por mim cometida. Dizer mentiras sempre me inquietou bastante, se mentia quando criança passava noites em claro, e só consegui descanso quando confessava o algo grave que tentei esconder.

A Verdade para mim é um bem precioso. É um instrumento de liberdade. Esconder algo, que à primeira vista, parece bobo, pode trazer consequências irreversíveis para vida não só sua, mas de muitas pessoas. Para os casos em que não falar o que julga a verdade é necessário, recorre-se a sensatez para dizer a verdade quando imperativo for. Mentira é prejudicar a liberdade de outro ser ou de si próprio, nas demais situações é ser delicado ao dedilhar o desconhecido. 

A sinceridade é essencial para manter relacionamentos saudáveis. Existem mentiras que ficam guardadas, presas no peito. Isso me maltrata, e para remediar-me recorro a doses generosas de verdade, que fazem tão bem. Mas, o que é a verdade? Pergunto-me inquieta. A minha verdade está escondida no amor maior da minha vida: Jesus Cristo. Quem se dispor a conhecê-lo conhecerá a verdade. Se todos colocassem Jesus Cristo em suas vidas, o mundo seria bem diferente. 

As pessoas aprenderiam com seus tropeços a viverem valores alicerçados no amor. O verdadeiro amor que supera todas as dificuldades. A fome seria apenas um capítulo rota da história da humanidade, pois se cada um soubesse dividir o que tem para os mais necessitados, não haveria fome; o homem valorizaria o trabalho e sua família, pois o amor de Deus o impulsionaria a fazer o bem.

Esses são os meus ideais, mas o que vejo é que os homens para fugirem de seguir os mandamentos de Deus matam Deus, e não sentirem remorsos de desobedecem a quem tanto os ama. Se Deus não existe, não existe pecado, e vários tranquilizam suas consciências fazendo isso. Em sociedade, o exercício da ética em nosso dia a dia, tornou-se um desconexo embate de argumentos cada vez mais racionais e menos humanos. Nada contra a objetividade de uma decisão que seja pautada na conservação da dignidade humana, mas quando se deixam de lado princípios que constituem um indivíduo do bem, e foge-se de uma ética que prime pelo ser humano, então, existe um problema. 

A ética deve ser voltada para o bem de todos e não apenas de uma parte.

sábado, 2 de agosto de 2014

Solidão

Estranhos

Todos me parecem estranhos
Não vejo o que sinto,
mas o que não vejo me é mais íntimo
do que a realidade que me cerca, 
mas será que existe realidade?
O que será realmente o real?
O que nos toca talvez...
Se toco as nuvens mais altas,
eis que se dissipam ao toque das mãos.
O chão é duro.
As almas trancaram-se no cárcere do medo.
Há muitas barreiras entre as pessoas.
Os braços, muitas vezes, não são dados de graça.
O dinheiro comprou almas.
Na ânsia de chegarem ao topo,
muitos cavaram sua própria sepultura.
Que irônica é a vida mundana!
A altivez dos reis não vale o vento,
que os tocam.
E, há miseráveis com a grandeza de reis.
Como explicar tantas contradições?
As perguntas multiplicam-se sem respostas.
O grito cego dos instintos, cresta as asas
dos que anseiam chegar ao céu.
A voz do subconsciente não se cala,
trazemos os seus segredos
nas profundezas do desconhecido.
O ar inquieta.
O chão prende e massacra.
A consciência faz-se cilada,
que seduz os sentidos dispersos.
Vou seguindo...
entre rostos estranhos.
O cimento do egoísmo
na corrida contra o tempo
faz a distância.
Solidão na multidão,
ganhando mentes e corações
na correria do mundo moderno,
onde a alegria pode ser comprada 
à vista ou à prestação,
mas o que nem todos sabem
é que a verdadeira Felicidade
só pode ser encontrada dentro de nós mesmos.

(Millena Cardoso de Brito)

crédito: Millena Cardoso