A invasão, o assentamento, a ocupação, enfim, existem muitas denominações para o começo da construção de comunidades, como a Vila da Paz, localizada na cidade de Teresina, capital do Piauí, estado da região Nordeste do Brasil. Comunidades que surgem por meio de ocupação de terras improdutivas por famílias sem condições financeiras para adquirir um terreno legalmente ou por pessoas que pretendem apenas tirar proveito da situação. É a triste realidade de muitas famílias, produto das desigualdades sociais.
A História da comunidade da Vila da Paz começou a ser construída no ano de 1986. Famílias ocuparam um terreno ocioso às margens de uma das principais rodovias do estado do Piauí, em frente à rodoviária Lucídio Portela, próxima de um assentamento recente chamado "Vila Costa Rica". A maioria das famílias não tinha condições de adquirir a tão desejada "casa própria" legalmente.
Na época, a carência de infraestrutura, saneamento básico, e das condições mínimas para uma vida digna faziam parte da realidade dos primeiros moradores da Vila da Paz. As moradias foram construídas em locais de risco, em um terreno sujeito a deslizamentos pela sua irregularidade, além da existência de um extenso esgoto a céu aberto.
A conquista da terra da comunidade da Vila da Paz por seus ocupantes deu-se em meio a constantes ameaças de despejo que perduraram até fevereiro de 1987. Apoiados pelo, na época, advogado Acilino Ribeiro, e secretário municipal do interior, no governo Wall Ferraz, e também por sindicatos, associações de moradores, e pela Federação de Associações de Moradores e Conselhos Comunitário do Piauí (FAMCC), os "posseiros" resistiram contra um pedido de despejo de terra no ano de 1987. O dono do terreno, um juiz do trabalho que não residia na cidade entrou com um pedido judicial para expulsar os ocupantes.
Policiais armados entraram na Vila da Paz para derrubar as casas dos moradores da comunidade tendo em mãos o documento de desapropriação da terra. Ao invés de resistirem por meio da força, os moradores quando souberam que há poucas horas o prefeito da cidade, na ocasião era o Wall Ferraz, chegaria de avião na cidade de Teresina, foram orientados a organizarem uma comissão para reivindicar a posse do terreno. A comissão reuniu-se na frente do aeroporto de Teresina à espera do prefeito para reivindicar que ele tomasse as devidas providências.
Enquanto isso, uma multidão de curiosos e pessoas envolvidas em movimentos sociais juntaram-se aos outros moradores, que permaneceram na Vila defendendo como podiam as suas casas, tentando impedir que fossem derrubadas e resistir ao cerco da polícia.
No aeroporto, sob pressão do povo, o prefeito disse que não negociava com invasores de terra. Porém, pouco tempo depois assina um documento (decreto nº 917) que garante a permanência das famílias na Vila da Paz, através da declaração da desapropriação da terra para fins de utilidade pública. Assim, o prefeito cumpre com o seu papel, garantindo a terra para os moradores da Vila.
A conquista da posse da terra foi importante para que os moradores da Vila pudessem ir mais adiante com o projeto de construir uma comunidade onde as pessoas pudessem viver dignamente.Os moradores tinham ainda muito a fazer: a carência de saneamento básico, energia elétrica, água encanada, e as moradias mal construídas em um terreno muito sinuoso e irregular eram apenas alguns dos problemas. Além disso, os moradores da Vila tinham que enfrentar o fantasma dos deslizamentos, que aconteciam durante às inundações no período chuvoso, agravadas pela existência de um grotão que corta o local de um lado ao outro em direção ao rio Poti.
Para conseguir água os moradores tinham que ir buscá-la em uma cisterna localizada na comunidade vizinha, ou ir ao rio carregar pesados baldes e baldes de água para levá-los para casa. As duas primeiras conquistas da comunidade, assim que conseguiram a posse do terreno foram conseguir água encanada e energia elétrica. Isso porque, novamente, a população mobilizou-se e saiu às ruas para protestar. As manifestações receberam nomes curiosos: "lata d'água na cabeça", que aconteceu em frente à Águas e Esgotos do Piauí S.A (Agespisa); e "lamparina apagada", em frente à Centrais Elétricas Brasileira (Eletrobrás), antiga Companhia Elétrica do Piauí (Cepisa).
Atualmente, um projeto de urbanização da Vila da Paz foi assinado em 19 de julho de 2011, através de um convênio feito pela Caixa Econômica e Prefeitura Municipal de Teresina, e conta com recursos financeiros no montante de 19 milhões que deverão ser investidos na urbanização da comunidade. O projeto abrangerá uma área de 29 hectares que contatará com empreendimentos imobiliários e um canal de drenagem do grotão, além disso, a construção de quadras de esportes, anfiteatro, área de preservação ambiental, edifícios, rampas, passarelas para pedestres, edifícios residências e institucionais, dentre outros.
A Vila da Paz que surgiu da ocupação de um terreno no ano de 1986 está situada na região do bairro Três Andares, localizada na região sul de Teresina. A Vila era considerada, nos anos 90, a área com um dos maiores índices de criminalidade da cidade. A história da comunidade foi marcada pela presença de várias pessoas que lutaram para mudar essa realidade, mas uma personalidade destacou-se por ajudar a começar a modificar efetivamente a imagem de miséria que rondava os moradores da Vila da Paz, essa pessoa foi o padre Pedro Balzi. E, quem é essa personalidade? Em Teresina, ele é bastante conhecido, porém, nem todos tiveram a oportunidade de conhecer a história desse herói de carne e osso. Essa história eu contarei em outra postagem, aguardem!
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