O que resta para mim desta vida em que sou a atriz principal? Será que lembro quem fui? Ou sei quem sou? Caíram as paredes. O solo já não o toco. Alegria forjada. Vida desperdiçada em devaneios. Se chama consome e o furacão passa sobre mim, não me rendo. Dobro os joelhos, mas já penso em levantar. Cai muitas vezes. Tenho experiência no fracasso, mas ao menos aprendi a levantar, por essa arte não resisto. Nada sei em relação as coisas que me rodeiam. O Infinito cala minha voz. Levantar a voz para que? Se a voz do trovão sufoca qualquer grito. O mundo apedreja o espírito, este que muitos esquecem e vão parar na merda e nela se lambuzam. O espírito não é barato nem o corpo. As penas voam e o anjo cai. E quem está na terra pode alcançar as nuvens. A dor é a melhor escola. Há construções frágeis. Não se esconde algo por muito tempo. Vidas perfeitas. Fachada de cristal. Semente de frutos amargos. O mal ri dentro de mim. Marcas de um pecado que não se desfaz. Não sou porta voz de mim, os outros tem uma visão melhor do que sou, depende do ângulo de vista. Pontos de vistas são pistas que não devem ser seguidos sem provas. Do céu deve se enxergar melhor do que aqui embaixo na Terra. Não temos como adivinhar o futuro, temos apenas pistas. Ninguém sabe, ninguém viu, as distintas pessoas que se tornaram pó. Estamos no mesmo barco. Cuidado para não naufragar!Destino?
* Esse texto foi escrito em 2006, através de uma linguagem direta, o eu-lírico faz questionamentos a respeito de seu papel no mundo, e como este vê os dramas da modernidade, onde as pessoas procuram refúgio em coisas perecíveis, como dinheiro, comida, idolatria a pessoas. É um resgate do antigo dilema entre escolhas entre o bem e o mal, e a tentativa de definição de que postura tomar diante disso, e que crenças defender em um mundo tão maluco e tão cheio de opções. É um texto sobre um drama individual, mas que pode muito bem representar qualquer pessoa que se angustia diante do universo de possibilidades onde estamos imersos, e precisamos lidar no dia a dia. A maioria das pessoas em nossa sociedade moderna valoriza apenas o lado bom da vida, quando existem pessoas com dificuldades, ou qualquer desvio dos padrões de felicidade, beleza, riquezas, valorizados pelo mundo, a maioria rejeita e não dá o apoio necessário. O eu-lírico chama a atenção para a falsa felicidade que cerca a vida de muitas pessoas, que não procuram o verdadeiro valor da vida. Este é a vivência do amor. Não o amor idealizado, mas aquele que deve ser construído entre os altos e baixos comuns a vida de qualquer um. O amor que supera sofrimentos e faz sacrifícios para manter-se vivo.(Millena Cardoso de Brito)
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