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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Sou ou não sou livre, eis a questão!

O que liberdade? Muitos filósofos, pessoas de qualquer época, nacionalidade, idade, sexo, já se perguntaram a respeito disso. Além disso, buscaram uma razão para sua existência, uma identidade para seus seres. Aliás, os questionamentos sobre a identidade, liberdade vem cada vez mais ganhando destaque na vida do homem moderno. Uma vez que, o homem, ao longo de sua trajetória na Terra, desenvolveu-se a tal ponto nas várias esferas de sua vida, que se perdeu em meio aos seus inúmeros conceitos, aparatos tecnológicos, experiências, etc.

A fé fragmentou-se. Religiões, doutrinas, crenças multiplicam-se, mas os casos de pessoas deprimidas, ou degradadas por álcool, drogas, crimes continuam a existir. E, muitos perguntam-se de quem é a culpa? Deus, diabo, carma, delírio dos deuses.Eu sou cristã, católica apostólica romana, e fui criada como a maioria da população brasileira nesta religião. Mas, cheguei a vivenciar experiências em outras religiões, e pesquisei sobre diversas outras crenças. Hoje, tenho minhas convicções bem alicerçadas, e não é à toda que sou católica; não é por costume; tradição; medo de ir para o inferno, nenhuma dessas alternativas. É por uma razão aparentemente simples de apenas 4 letras: AMOR.

E, surge outra pergunta: Amor? Amor a quem? A o que? Que amor é esse capaz de convencer a razão cercada de tantos infinitos conhecimentos e dúvidas? Alguns podem pensar: arranjei um namorado católico, ganhei muito dinheiro. Nada disso, apenas apaixonei-me por Deus, Javé, um Deus único envolto no mistério da Santíssima Trindade, que tenho certeza que a maioria dos católicos nem sabe explicar e muito menos dizer o que é.

Agora, muitos leitores devem já estar pensando que este é um post catequético. Eu não diria isso. Quis apenas compartilhar das minhas experiências para deixar clara a minha interpretação a respeito da liberdade, que apesar de muitos estudiosos tentarem criar conceitos a respeito dela revestidos pela capa sisuda da ciência, não há como negar que mesmo o conhecimento científico passa por nossa subjetividade. Então, aos interessados em desvendar o que me levou a crer em Deus, uno e trino, a Santíssima Trindade, posso fazer um post apenas sobre isso, calminha meus queridos leitores, agora a questão é sobre a liberdade.

O drama que os estudiosos consagraram como de autoria de Shakespeare, Hamlet, traz o questionamento ser ou não ser eis a questão. Aqui neste texto, porém, ponho-me apenas a instigar a reflexão a respeito da liberdade, sem perder-me nos inúmeros conceitos de liberdade de várias correntes do pensamento humano em suas diversas épocas, como correntes filosóficas ou mesmo o existencialismo de Sartre, ou qualquer tipo de outro embasamento científico, usarei apenas para discutir isso o fato de que eu sou humana, e conheço o peso da liberdade.

Muitas pessoas ligam a liberdade a autonomia de poder conquistar os próprios meios de sobrevivência. Além disso, no mundo moderno, muitos pensam que liberdade é ter os meios materiais e financeiros de suprir suas necessidades de consumo, muitas vezes, criadas pelos incentivos das relações sociais mediadas pelos meios de comunicação de massa, e os subterfúgios capitalistas para manter a economia em desenvolvimento.

O homem moderno está envolto em uma teia invisível formada pelas pressões sociais, econômicas, políticas. As pessoas e o aparato estatal de cada nação estão interligados, muitas vezes, com produtos, culturas,  e até valores compartilhados de forma que, muitas vezes, misturam-se a ponto de tornarem-se de certa maneira homogêneos; mas, ao mesmo tempo, vivenciam uma busca de encontrar um meio de diferenciação. A produção e consumo de produtos, a interinfluência de culturas e saberes agustia o homem moderno, que procura de alguma forma construir sua identidade dentro e/ou fora das fronteiras de seus países.

A tomada de decisões em um mundo que se tornou tão complexo, cheio de possibilidades, e promessas muitas vezes falsas, provoca bastante stress e ansiedade, que faz com que muitos acomodem-se e deixem os outros pensarem e decidirem por eles. É o preço da liberdade, fazer escolhas. E, existem pessoas que ao perceberem isso, sentem-se como presos da liberdade, e não fazem o uso consciente de uma das maiores facetas do ser humano, a capacidade de decidir.

Mas, podemos levantar outro questionamento. E quando essa liberdade é restringida, existe enfim a liberdade de escolha? Liberdade restringida por quem? Um homem ou Deus? Sempre é um homem que restringe a liberdade do outro, ou o próprio homem restringe sua própria liberdade. Quantas famílias que apenas querem poder viver em paz, e são obrigadas a esconderem-se dentro de muros altos e cercas elétricas para impedir assaltos; ou quantas delas vivem em abrigos sem nenhum tipo de conforto, nem nada que lembre um lar para não serem mortas em bombardeios, em regiões onde homens vivem em guerra declarada, como acontece no Iraque.São inúmeras as situações em que as pessoas não conseguem exercer seu direito à liberdade.

Então, no auge da revolta (se essa ainda persiste, mesmo com a costumeira presença desses males no mundo), ao ligarmos a televisão para ver o noticiário, ou mesmo, ao ler notícias na Internet, nós podemos questionar sobre a nossa existência, e sobre a crença da maioria na existência de Deus. Que Deus é esse que pode tudo e deixa acontecer tanto sofrimento, injustiças, tanta maldade? Um dia desses também fiz essa pergunta, e ao refletir tive uma resposta. Essa resposta não me perguntem como consegui, pois posso afirmar que para se chegar ao verdadeiro conhecimento você precisa ir muito além da razão.

Cheguei a esta conclusão, enfim: se Deus é poderoso, perfeito e tudo pode, com certeza poderia acabar com o sofrimento, só que, para isso teria que tirar um dos bens mais preciosos do qual dotou o homem, a liberdade. Os homens seriam marionetes de Deus, eles fariam as coisas apenas pelas mãos de Deus, que não receberia um amor verdadeiro dos homens, mas uma réplica de sua perfeição. Então, o que aconteceu Deus criou a vida, o homem, mas deu a ele a capacidade de fazer escolhas, o que muitos chamam de livre-arbítrio. O homem então no exercício de sua liberdade, deixou-se encantar pelas suas potencialidades, e os males do mundo nada mais são do que escolhas erradas que nós mesmos fazemos.

Assim, nós nos fizemos feitos reféns da liberdade que nos foi concedida. O mal uso da liberdade é que nos trouxe tão pesados fardos que deveriam ser compartilhados. Pessoas morrem todos os dias assassinadas, corpos são decapitados em acidentes violentos, e o homem continua somente a culpar Deus, as autoridades, e não percebe que em certos casos as pessoas fizeram escolhas erradas, abusaram da liberdade, e poderiam estar vivas se todos começassem a pensar nos outros, e não tratar a liberdade como um bem só seu, mas que deve ser exercido de forma consciente, sem despeitar os direitos dos outros. A liberdade não é uma luta individual para se autossatisfazer, é um presente divino pelo qual devemos lutar juntos para sermos dignos de exercer essa tal LIBERDADE, sem estarmos presos a nossa própria maldade. 




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