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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Murmúrio

Hoje vou postar algo nada racional. Apenas versos soltos. Hoje não quero que minhas palavras tenham sentido. Não quero que meu silêncio tenha sentido. Não quero fazer sentido. Não quero dar um sentido para a minha poesia torta. Nem quero que ninguém dê sentido nenhum. São apenas palavras a sufocarem meu  grito. Pensar faz doer, a dor de pensar. Acho que seria menos difícil viver, se soubesse menos coisa sobre a vida, sobre mim, o mundo, as pessoas. Eu nunca me senti como parte desse mundo, é como se estivesse sempre no lugar errado e na hora errada. A única coisa que me fazia e faz completa é pensar sobre como deveria ser divertido viver no céu, desde criança, comparava meu corpo a uma prisão. Minha alma sempre ansiou ir além, a um lugar que não sei como é, para perto da minha origem, para perto de Deus. Lutei muitos anos da minha vida contra uma depressão que me corroeu meus sentidos, e a dor que eu sentia e às vezes sinto, ajudou-me a descobri o universo das letras e mais do que isso me deu um grande conhecimento a respeito das coisas da vida. Eis um dos poemas que escrevi numa das minhas fases de depressivas:

Murmúrio

Sem lágrimas,
Nem palavras,
Assim é a minha dor.
Grita sem voz nos 
Mais enigmáticos sentimentos,
Querendo dizer algo que a razão 
Não consegue compreender.
A mente é um labirinto,
Uma caixa de muitas chaves.
Cada chave um mistério
Cada mistério uma revelação
Nesse labirinto perdi-me.
Refugiei-me fora do mundo 
E dentro de mim.
As teias dos meus pensamentos 
Paralisaram meus passos.
Sensações como golpes de dor não-mortal,
Transpassando a morte,
Sorvendo gota a gota os sofrimentos mais íntimos, 
Onde ou aonde a dor não chega exposta,
Dói abstratamente em recônditos perdidos.
Pensamentos como abutres famintos 
A estraçalharem minhas entranhas.
Percorri caminhos  tortuosos
Não estabeleci laços seguros com a realidade,
Meu interior tornou-se um pântano escuro,
Mas o sol já vêm.
Hoje amanheci,
Paralisei,
Murmurei a minha dor.

(Millena Cardoso de Brito, 23/12/2006)



Crédito: Millena Cardoso de Brito 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Poema de Vinícius de Moraes

O mais-que perfeito*

Ah, quem me dera ir-me
Contigo agora
Para um horizonte firme
(Comum, embora...)
Ah, quem me dera ir-me

Ah, quem me dera amar-te
Sem mais ciúmes
De alguém em algum lugar 
Que não presumes...
Ah, quem me dera amar-te

Ah, quem me dera ver-te
Sempre ao meu lado
Sem precisar dizer-te
Jamais: Cuidado...
Ah, quem me dera ver-te

Ah, quem me dera ter-te
Como um lugar
Plantado num chão verde
Para eu morar-te 
Morar-te até morrer-te

(Vinícius de Moraes)


* Na Língua Portuguesa, mais-que-perfeito é um tempo verbal que exprime um fato passado, anterior a outro também do passado; pode substituir o futuro do pretérito em construções mais literárias; além de poder indicar a intensificação de uma ação repetida, que continua no passado até o presente (Roberto Melo Mesquita). Os verbos do mais-que-perfeito podem ser conjugados nos modos Indicativo, que indica um fato que se tem certeza que está acontecendo, aconteceu ou acontecerá em determinado tempo; e o Subjuntivo, que sugere um fato incerto que está na dependência de alguma circunstância para acontecer. Formação do Pretérito mais-que perfeito do indicativo presente na maioria dos versos deste poema é: tema do pretérito perfeito, a desinência modo-temporal -ra ou -re (para 2ª pessoa do plural) e as desinências número-pessoais (ex: -s, -m).

* Sobre Vinícius de Morais:

Um dos grandes nomes da cultura brasileira, Vinícius de Moraes foi um homem de várias habilidades. Poeta, escritor, compositor, jornalista, dramaturgo, roteirista, diplomata, além de um dos músicos que participou do movimento de renovação da música popular brasileira, a Bossa Nova. Vinícius, que se autodefinia de poetinha, exerceu com paixão várias atividades e papéis na sociedade. Um dos fatores que contribuiu para a sua rica bagagem cultural foi o fato de ter nascido em uma família de ascendência nobre e ligada aos valores artístico e culturais. Nasceu no ano de 1913, na cidade do Rio de Janeiro. O pai de Vinícius tinha paixão pelas línguas clássicas e chegou a registrar o filho pelo nome de "Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes", que mais tarde, com apenas nove anos, ele decidiu retificar o registro, e tornou-se oficialmente "Vinícius de Moraes". Formou-se na Faculdade de Direito do Catete, no Rio de Janeiro. Começou também a estudar Literatura Inglesa em Oxford, em 1938, porém interrompeu o curso, devido o início da Segunda Guerra Mundial. Exerceu o cargo de diplomata a partir de 1943, servindo nos Estados Unidos, na Espanha, no Uruguai e na França. Isso contribui para que pudesse entrar em contato com diferentes culturas, e enriquecesse bastante a qualidade de suas obras. Os conhecimentos adquiridos em suas viagens ao exterior contribuíram para seus estudos sobre as áreas de seu interesse, como o cinema. Vinícius de Moraes escreveu a peça teatral Orfeu da Conceição, que lhe rendeu uma premiação no IV Centenário da Cidade de São Paulo, em 1954. Sua peça serviu de inspiração para um filme, premiado no Festival de Cannes, sendo, por isso, refilmado em 1998, com título de Orfeu. Ao longo de sua vida, ele desenvolveu a tendência a gostar de estar em contato com a boemia, além disso, estabeleceu muitas amizades frutíferas com vários intelectuais de sua época, e envolveu-se com muitas mulheres. Vinícius viveu com a mesma paixão que transmitia em seus versos, chegou a casar-se várias vezes. Sua vida desregrada e entrega de forma ilimitada às suas paixões, levou-o a adoecer. Morreu de cirrose hepática aos 67 anos, em 1980. Para mais informações sobre o poetinha listo algumas de suas obras: Caminho para a Distância (1933); Forma e Exegese (1935); Ariana, a mulher(1936); Novos poemas (1938); Cinco Elegias (1943); Pátria Minha (1949); Novos Poemas, II (1959); Para Viver um Grande Amor (1962-poemas e crônicos). Dica de link acesse: http://www.viniciusdemoraes.com.br/

Eu encerro esta postagem com o também famoso Tom Jobim, um de seus parceiros de Vinícius de Moraes na música e no do movimento da Bossa Nova, cantando composições do poetinha.


Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=vjDNsqWkIcY

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Verdadeiro Amor

Você está em mim como o sangue
que corre em minhas veias,
Sempre volto a ti respirar
para livrar-me dessa humanidade
falida de planos e de mente.
Descarto esse mundo,
não o quero para mim.
Ele me enoja, eu me enojo,
pois a poeira deste cemitério
ainda não foi lavada.
Deus abriga-me sob seus braços,
mas meus desejo e vontades humanas 
fazem-me fugir para onde meu Deus não pode ir
Não posso deixar você agora,
pois me sinto sozinha e não tenho
nas mãos algo que me traga além.
Olhe-me bem dentro dos meus olhos,
Quero sentir o seu amor de novo,
Invadir o seu universo
e ser-lhe íntimo.
Não o quero só para mim
Quero que os outros possam também descobrir
Meu Senhor e meu Deus.
Por isso, preciso do Senhor para tornar minha vida mais vida.

(Millena Cardoso de Brito)

crédito: imagem retirada da net 

Somos todos Hipócritas!

Crédito: Millena Cardoso de Brito


Somos todos hipócritas
Aprendemos a fingir desde cedo
por conveniência, por covardia...
Enfim, vivemos escondendo nossa 
verdadeira face,
A verdade aparente,
Aparente verdade,
Nos confundimos, nos enganamos,
com nossas falsas verdades.
Vamos exercitando nossas fraquezas,
Disfarçando nossos erros,
Julgando os erros alheios,
E esquecendo nossos próprios defeitos.

(Millena Cardoso de Brito)

Estado Civil ou Status?

Como todo blog leva um traço da personalidade de cada um de seu e/ ou seus idealizadores, vou trazer para cá um pouco de mim ao discutir o tema que proponho opinar agora. O tema é sobre a cobrança que a sociedade faz em relação a hora certa de homens e mulheres assumirem um namoro, casamento, enfim, uma relação amorosa.

Eu quando era criança deixava de brincar com os outros meninos da minha idade para escutar as conversas de minha mãe com as outras senhoras casadas do bairro. A maioria das vezes, elas reclamavam a respeito dos maridos, e eu ouvia por várias vezes, com um certo ar de pesar as senhoras casadas, inclusive minha mãe, ao falarem de alguma amiga delas que não havia casado a famosa frase : "Coitada ficou para 'titia' (maneira de dizer que uma mulher passou da idade que a sociedade estabelece para casar)! Eu achava  bastante engraçado, pois pensava que aquelas senhoras que reclamavam tanto de suas vidas de casadas, ao mesmo tempo, consideravam que a vida das não casadas eram piores. Aquilo me deixava intrigada.

Cresci, e nos meus 25 anos de solterisse plena, observei com surpresa o quanto as pessoas gostam de importar-se com a vida sentimental dos outros. Outra coisa que percebi é que muitos ostentam seus parceiros como troféus de alguma disputa imaginária, e nesses casos é como se ter ou não um(a) companheiro (a) fosse uma forma de status, uma forma de elevar o ego. Quantos famosos e anônimos costumam trocar de parceiros como trocam de carro. Ou, mesmo, aqueles que exibem seu estado civil na frente dos outros como se realmente assumissem um compromisso sério, e na intimidade tratam os companheiros como se fossem apenas mais um objeto descartável. Claro, e Graças à Deus, existem várias exceções de amores de verdade, e isso é meu consolo. Fico feliz quando me depara, ao sair pelas ruas, com casais de velhinhos a andarem com ares de cumplicidade de mãos dadas, carregando nos olhos a conquista de vários anos vividos juntos.

Alguns leitores podem acusar-me de estar com inveja, pois sou solteira. Essa acusação já me foi feita várias vezes, e digo sinceramente que não temo julgamentos de outras pessoas de carne e osso como eu, e posso afirmar que isso não é verdade. Eu nunca liguei para coisas como status, grana, e sempre tive uma posição firme a respeito de assumir um namoro. Minha mãe, parentes, amigos, vizinhos estranham: essa menina nunca teve um namorado? Ela tem um problema? É lésbica? ou coisas do tipo...Nada disso, eu sempre digo a todos que me falam isso que só vou namorar no dia em que encontrar uma pessoa que realmente ame, e consiga imaginar a possibilidade de ter um futuro com ela. Não trato nenhuma relação como um passatempo, ou pretexto para não ficar sozinha, ou porque os outros vão me chamar de encalhada, ou coisa sim. Para mim todas as relações são preciosas, e não uma brincadeira. Não quero enganar ninguém. E, no dia em que me apaixonar e for correspondida terei prazer de assumir um compromisso. Acho que todos deveriam ser assim.

Aproveitei o período do Carnaval para fazer esse post, pois é o período em que muitos esquecem de que tem compromisso, desrespeitam seus corpos com amores casuais, ferem os sentimentos dos outros, são infiéis a si e aos outros, deixando-se embriagar por seus instintos. Alguns podem dizer que não sei aproveitar a vida, mas isso também  não me importa, pois estou aqui para agradar à Deus e não aos homens. A análise que faço aqui é que nos casos em que as pessoas desrespeitam seus parceiros, é como se elas tratassem seu estado civil como status, pois não estão dando o devido respeito aos seus relacionamentos.

Nos últimos tempos, temos visto a desintegração de uma das coisas mais valiosas no mundo: a família. A referência: pai, mãe, filhos, sob a proteção divina, transfigurou-se. Casamento gay, pessoas que se casam inúmeras vezes, e nossas crianças sem referência nenhuma de família, mas o que é família?? Pobres de nossas crianças que todos os dias tem a infância roubada por uma sociedade cada vez mais individualista, e que põe suas esperanças em coisas e pessoas que não tem poder nenhum para salvá-las. Sou catequista e vivencio o drama de muitas crianças cuja a família é totalmente desestruturada, pais envolvidos com álcool, drogas, e outros casos que dariam um livro, e isso me angustia muito.

O mundo tem sido cruel com nossas crianças, e principalmente, com as mulheres e as famílias. Antiguamente, as moças eram obrigadas a fazer casamentos sem amor, mas hoje, atualmente, os tempos mudaram, e presenciamos outro tipo de repressão da liberdade feminina. Elas mesmas estão presas a liberdade que conquistaram sexual, profissional; hoje, as mulheres são escravas de seus próprios corpos, sofrem a cobrança exaustiva da sociedade para que tenham corpos perfeitos, sejam magras, saradas, boas profissionais, e ainda, cá entre nós de boas "de cama". É muita pressão! Além disso, o desejo de ser mãe vem sendo retardado, pois não há como se deixar à mercê do amparo financeiro dos maridos, ou as mulheres podem correr o risco de serem confundidas com mercenárias, além do que, nós vivemos em um mundo movido pelo dinheiro. É preciso pensar que escolas boas para os filhos custam caro, elas precisam estar bonitas, ajudar suas famílias, e isso também custo caro, e outros detalhes do universo da mulher moderna que ultimamente a cada dia  mais está no centro dos holofotes do mundo Isso por que a quantidade de homens vem diminuindo, a maioria mortos por envolvimento com drogas, guerras, etc; eles estão se destruindo. Acho que chegará o dia em que, como o filósofo Diógenes fez, as mulheres irão às ruas gritando aos quatro cantos à procura dos homens que sobreviveram na Terra. Menos dirão! Sinto muito, mas é bíblico.

A família no seu sentido real é uma dádiva divina. E o que está acontecendo no mundo é que as pessoas passaram a deixar de lado Deus de seus relacionamentos. Eu tenho 25 anos e sou virgem, não o signo senhores supersticiosos. Não vou dizer que é fácil manter a castidade, pois estaria mentindo, tenho os mesmos desejos e vontades de qualquer pessoa normal, e estou suscetível a falhar nos meus princípios, como humana que sou. Eis outra pressão que a mulher sobre na modernidade: ceder a visão de que é importante ter experiências sexuais com seus namorados, e não quando ela decidir ser o momento certo. Muitas garotas se sentem pressionadas por seus parceiros, pois se não fizerem sexo podem perdê-lo para outras. Isso pode acontecer realmente, mas afirmo, sem medo de mal interpretação, que uma relação alicerçada no respeito, e que tenha Deus como alicerce é mais fácil dar certo, do que uma em que isso não aconteça.

O sexo deve ser tratado com respeito e ser sacralizado pelas pessoas. O que é isso? As pessoas precisam aprender a respeitar seus corpos e a terem responsabilidade quanto a maneira como lidam com suas emoções e com a das pessoas a sua volta. Não podemos esquecer que o sexo liga duas pessoas de forma tão íntima que precisa ser feito dentro de um contexto de estabilidade, e não de instabilidade, o presente deve ser vivido como uma parte do futuro, e não como um caso à parte. Sexo é bom dizem, mas não podemos esquecer que também é precioso, como tudo que Deus criou. Por isso, sexo deve ser feito com amor, e por um homem e uma mulher que tenham um compromisso realmente duradouro, e não fugaz; pois o preço pode ser a desestrutura da base familiar. Um filho de um casal sem compromisso pode sofrer muito com a falta de uma base familiar sólida. E, para uma família ser bem estruturada, ela deve começar com amor, e acima de tudo sob os cuidados de Deus.


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Resposta da Natureza


Lamento!

Escuto teu pranto, oh Terra!
A natureza morta clama,
revolta-se contra a vil face humana.
O vento sopra teu lamento,
nem todos escutam...
Tentas sobreviver à escuridão dos homens.

Por isso, mesmo ao golpe
mais traiçoeiro,
mesmo com o sangue vertido
no teu seio desonrado.

Iluminas as trevas
quando tudo parece
estar perdido...

É a face de Deus a renovar a Vida.

(Millena Cardoso de Brito)

Crédito : Millena Cardoso

Perfil do Profissional de Relações Públicas

O profissional de Relações Públicas nos últimos anos vem conquistando espaço no mercado de trabalho, e suas atividades passaram a ser mais valorizadas. Uma das razões para que isso aconteça está relacionada ao fato de que com o desenvolvimento tecnológico as pessoas têm mais facilidade de acesso a informações diversificadas e interagem entre si com mais rapidez, o que proporciona a formação de um público consumidor mais exigente.
O trabalho de Relações Públicas tem como função primordial a administração ou o gerenciamento da comunicação, abrangendo atividades como marketing, jornalismo, publicidade, que devem ser consideradas em suas peculiaridades e trabalharem de forma integrada dentro da organização.
O profissional dessa área devido à abrangência de suas atividades, que incluem conhecimentos diversos na área de assessoria de comunicação, jornalismo, publicidade e propaganda, por exemplo, possuem inúmeras possibilidades de atuação. Dentre elas, Margarida Kunsch cita algumas como: dentro dos vários tipos de empresas e organizações “nos departamentos de comunicação social, marketing e recursos humanos”, como “na prestação de serviços externos, em empresas e assessorias de comunicação, imprensa e de relações públicas, as quais o profissional pode se vincular como empregado ou como sócio e empresário”; além de também poder trabalhar de forma autônoma com consultoria e assessoria de comunicação. O profissional de Relações Públicas planeja estratégias de comunicação com o objetivo de atingir os propósitos da organização, ou seja, com “finalidades institucionais”.
A área de atuação do profissional de relações públicas abrange todos os processos de comunicação que envolve os relacionamentos entre a organização e os seus públicos, e dever ser vista como parte de um sistema. Ou seja, devem ser considerados os diversos fatores que influenciam nos relacionamentos da empresa com seus públicos, e a interdependência entre eles.
Quem trabalha na área de Relações Públicas utiliza técnicas específicas de comunicação para promover a compreensão mútua entre a alta administração e seus públicos. Exercer a função de Relações Públicas forma eficiente requer que esse profissional participe de forma proativa da tomada de decisões da organização, e desfrutar do respaldo perante os seus dirigentes.
Para que isso aconteça, é necessário que o Relações Públicas seja hábil em persuadir os responsáveis por tomar as decisões da organização para quem trabalha para conseguir implantar as atividades desenvolvidas. Além disso, ter sensibilidade para identificar os públicos da organização, estabelecer e manter com estes públicos relacionamentos estáveis, o que pressupõe habilidades que esse profissional seja comunicativo e hábil para gerenciar e solucionar conflitos decorrentes das relações entre os diferentes públicos, a organização e a opinião pública.
  Também é importante ter uma visão crítica do ambiente social, econômico e político onde a empresa está inserida, para planejar ações que venham a ser necessárias ser tomadas diante da previsão de acontecimentos que venham atrapalhar ou beneficiar os interesses da empresa e dos públicos a ela relacionados.
           As atividades de Relações Públicas devem ser embasadas em pesquisas, e voltadas para harmonizar os interesses divergentes dos diferentes públicos. O profissional dessa área da comunicação para destacar-se e realizar com eficiência suas atividades, precisa agir de foram planejada.
A prática das relações públicas em razão de abranger diversos processos comunicativos necessita basear-se em um suporte teórico amplo com base na interdisciplinaridade, ou seja, o estudo de várias áreas de conhecimento. O suporte teórico para o profissional de relações públicas é de suma importância, para que ele exerça suas atividades com eficiência.
O profissional de Relações Públicas planeja estratégias de comunicação com o objetivo de atingir os propósitos da organização, ou seja, com “finalidades institucionais”. A forma como a empresa pretende “ser vista” pelos diferentes públicos, opinião pública, pela sociedade em geral, tem que ser definida por ela mesma, e cabe a esse profissional orientar o caminho adequado para criar e divulgar um “conceito”, ou seja, o que pensam os públicos sobre a empresa, que seja favorável aos propósitos institucionais.
Uma das qualidades para que consigam atingir tais objetivos é a criatividade para o desenvolvimento de técnicas de comunicação eficientes para criar um “conceito” favorável ao bem-estar da organização. E, em meio as crises de imagem, quando a instituição envolve-se em ações que desagradam seus públicos, reverter a situação em favor da organização.
O planejamento é um instrumento fundamental, e as propostas criativas para solução de problemas devem estar incluídas nele. Além do que se acontecerem situações inesperadas a criatividade de um Relações Públicas é importante quando da tomada de providências que não foram planejadas. Por exemplo, em um evento se o número de brindes não foram o suficiente para o público presente, uma dose de criatividade do Relações Públicas pode fazer a diferença para improvisar uma forma de que as pessoas que não receberam brindes sejam satisfeitas.
“Visão” empreendedora é outro dos pré-requisitos para quem pretende trabalhar como Relações Públicas, apenas saber planejar não é preciso, também é preciso agir de forma confiante em busca de colocar em prática o que foi proposto para a alta administração da organização. Agir de forma empreendedora é ter coragem de trilhar novos caminhos, mas tendo como base informações precisas do que precisa ser feito e como ser feito. 
A eficiência da prática de Relações Públicas depende também de que sejam evitadas determinadas posturas diante das situações do dia-a-dia no mercado de trabalho, como a submissão, um grave defeito para quem pretende enveredar pela área. Isso porque contribui para a desvalorização do trabalho desse profissional, e faz com que as ações planejadas não tenham os resultados desejados, pois se agir sem se posicionar de forma crítica perante as decisões da empresa estará comprometendo a qualidade do exercício de sua profissão.
Além disso, quem trabalha nessa área tem que lidar diante dos conflitos de interesses da alta administração da organização e seus diferentes públicos, e em razão disso, precisa saber ouvir os pontos de vistas divergentes e ser tolerante com aqueles que não condizem com suas opiniões. Esse profissional tem que adotar um ponto de vista crítico, para avaliar quais as estratégias de comunicação mais adequadas ao perfil de púbicos da organização para atingir seus objetivos, levando em conta o ponto de vista desses públicos, mesmo que não condigam com os seus.
A postura autoritária de um profissional de Relações Públicas em relação ao público com quem trabalha, irá prejudicá-lo, pois isso irá dificultará a participação deles nas atividades propostas. Quais serão as pessoas que irão se envolver em atividades que lhe forma impostas, sem que fossem consultadas de suas preferências e disponibilidade?
Então, um Relações Públicas precisa ter qualidades que o diferenciem no mercado de trabalho, como uma pessoa que saiba ouvir e compreender o que os diferentes públicos e organização desejam e saber lidar com as divergências de seus interesses. Além disso, evitar atitudes autoritárias e desmotivadoras, que só dificultam o sucesso da realização das atividades de Relações Públicas.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Esboço de um poema...

Vestígios

Não há poesia
Há somente o toque suave
deste incontido presente
que escorre no vão dos pensamentos, sentimentos, ânsias, sensações...
Represa transbordante do tempo
Cálice que se deixou entornar
Pétalas de rosa desabrochada,
que o vento levou,
mas não dissipou.
E o que não dissipou foi consumido.
E deixou restos de saudade
a jazer junto ao cadáver do tempo.

(Millena Cardoso de Brito)


As delícias da linguagem

Eu amo ter a capacidade de lidar com diferentes tipos de linguagem. Não foi à toa que escolhi como cursos: primeiro Licenciatura em Letras Língua e Literatura Portuguesa, e depois Comunicação Social. Comunico-me através de todos os meu poros. Caretas, gestos, gritos, sussurros, rodopios, são várias as formas de comunicação. Mesmo sendo difícil fazer os outros entenderem o que você quer dizer, ou mesmo, você mesmo formular o que pretende dizer, é ótimo desenvolver os diferentes tipos de linguagem, e o homem dentre os animais é o senhor na arte de comunicar.
Os estudos da linguagem começaram por motivos religiosos, a partir do século IV a.C., com os hindus, que falavam o sânscrito. Os teóricos da linguagem conceituam linguagem como expressão de emoções, idéias, propósitos, influenciada pelo contexto social, histórico e cultural. Diferente da língua que pode ser normatizada e unificada para que seja apreendida de forma mais uniforme por seus falantes.
Ou seja, quando se fala de linguagem não nos limitamos apenas a palavras, a uma determinada língua, mais a um universo de possibilidades de expressão, e em razão disso, para ser um bom comunicador é necessário estar atento aos chamados "ruídos" na comunicação. Que são esses ruídos? Tudo aquilo que impede que a mensagem seja transmitida de uma pessoa/e ou pessoas para outras, ou mesmo seja interpretada com sentido diverso daquele que originalmente o emissor desejou transmitir.
Os poetas e artistas são os que mais liberdade tem de assumir os riscos de interpretações diversas, para eles o que importa é a arte de brincar com as formas de expressão, de linguagem. Para o poeta o que importa é descobrir um jogo inusitado de palavras, que instigue as pessoas a usar a imaginação, desvendar seus próprios segredos, e para isso, trabalham ardilosamente com o mistério por trás de pensamentos, ou de estruturas aparentemente rígidas de linguagem, não há certo ou errado, há apenas a busca incessante do que nem se sabe que se procura.
Para exemplificar essa arte de brincar com a linguagem, transcrevo aqui uma das composições de Gilberto Gil, Metáfora:

Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz lata
Pode estar querendo dizer o incontível

Um meta existe para ser alvo,
Mas quando o poeta diz meta
Pode estar querendo dizer o intangível

Por isso não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudo-nada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha a caber
O incabível

Deixe a meta do poeta, não disputa,
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora

GIL, Gilberto. "Metáfora". In: Gil, Gilberto. Um Banda Um. São Paulo: WB Records, 1982.


domingo, 16 de fevereiro de 2014

Sobre Amor

Muitas vezes confundimos o verdadeiro sentido do amor. Nós deturpamos sua essência e confundimo-nos com os enganos da paixão. Alguns dizem que amar machuca, isso não é verdade. A paixão, o desejo de posse, os ciúmes, muitas vezes, são considerados pelas pessoas manifestações de quem ama, mas quem sente isso não significa dizer, necessariamente, que ama. A paixão precisa ser controlada, o amor deve fluir dentro de nós. Não significa que a paixão é ruim, pois é ela que nos impulsiona a agir, e a fazer muitas coisas com ânimo, porém deve ser controlada, devido poder ser causa de muitas dores. O amor é um sentimento perene e sublime diriam, alguns filósofos, mas vou mais longe, para mim o amor é a perfeição. Eu acredito nas palavras do Evangelho de Jesus Cristo que diz que "Deus é amor", e se ele é amor, então, esse sentimento é a própria perfeição, pois Deus é perfeito. O ser humano é imperfeito, muitas vezes, e em várias situações desconhece o amor, ou se ama, não consegue praticar esse sentimento de forma integral, são nossas limitações. Mas, praticar o amor é possível. Na minha experiência com as práticas da fé cristã, percebi através da minha relação com Deus, que quando o colocamos em primeiro lugar em nossas vidas, fica mais fácil amarmos os outros como eles são, com seus defeitos e limitações, e até a nós mesmos. Fazer isso, é esforçar-se para deixar de querer agir de acordo com nossos impulsos egoístas, e colocar Deus no controle de nossas vidas, sem deixar de decidirmos firmemente sobre o que devemos fazer para alcançar a prática da perfeição, que nada mais é que o próprio amor. 

Amor, simplesmente, amor

O amor é indefinível para os homens,
Rompe as barreiras da matéria,
Confunde a razão humana,
É capaz de suportar o insuportável,
É a alma que fala por si só.
Vai além da matéria,
Porque a distância entre as pessoas
Não é capaz de impedir 
A proximidade das almas.
Os conceitos dos homens são vagos.
Não conseguem reproduzir 
Os mais íntimos sentimentos
Dos profundos esconderijos d'alma
Que só quem sentiu o amor de Deus explica.

(Millena Cardoso de Brito)

A própria Palavra de Deus nos diz o que é o amor em um dos textos mais belos que já li em toda a minha vida:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino”.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor”.

                                            (1 Coríntios 13:1-13)

http://www.youtube.com/watch?v=ZDh3eWCHnSE

Assistir também:

http://www.youtube.com/watch?v=hWDcFX2EHwI&feature=share

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Sobre Paixão

Remédio

Morro a cada dia sem sentido 
Percebi que corro perigo
de não mais sobreviver...
a outra dor que achei que passou, 
mas não passou.
Sigo no meu engano,
perdendo o sono no abandono
do meu quarto distante
do alcance da tua voz.
Voz que não chega mais aos meus ouvidos.
Os meus planos foram todos perdidos 
diante dos teus passos a distanciarem-se...
Nada sobrou do teu carinho,
do teu olhar a falar-me
coisas que talvez nunca falastes.
Minha vida ficou presa nos teus braços,
que afastados, agora, estão de mim.
Sinto falta talvez de alguém,
que para mim sou eu sem ti.
Falta do presente que não vivi.
Os verbos a confundirem-se no tempo,
do que não se sabe para onde foi.
Estou morrendo não sei de que...
Pressinto que...
no teu corpo há o remédio
de toda a minha dor.
Talvez, por isso, essa falta do teu amor,
parte que completa sem dor.

(Millena Cardoso de Brito)

                                Imagem retirada de: http://www.mdig.com.br/?itemid=13683

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Clamor!

Justiça

Justiça...
Justiça...
Por que tardas tanto?
Há mentes a acalentar teus frutos
Dia e noite a clamar por ti,
Os pobres órfãos,
as viúvas sem teto,
as donzelas desonradas...
O sangue espalhado pelo tempo
inquieta revolvendo as mentes
em desespero.
Tantos foram os que por ti deram a vida
em busca de viver nos teus passos
e humilhados foram jogados na lama.
Quantos mais terão que morrer?
Não demores.
Venha matar a nossa sede.
Antes que ela nos mate!

(Autoria: Millena Cardoso de Brito)

Um parênteses de intertextualidade

Para expressar a mesma ideia de indignação das injustiças sociais existem, além de palavras, as imagens que, como diz uma frase que se popularizou entre nós, " vale mais do que mil palavras". A fotografia é um dos meios de comunicação que utiliza as imagens para expressar ideias, sentimentos, e possui conteúdos variados, além de conseguir mexer de forma mais direta com a alma humana. Essa é mais uma de minhas paixões.

Como forma de complementar o sentimento de indignação diante das injustiças sociais que quis transmitir com o poema acima, vou postar também fotos de um dos maiores fotógrafos brasileiros, Sebastião Salgado. O fotógrafo mineiro já teve suas fotografias expostas em várias partes do mundo, além de ser reconhecido pelo seu trabalho de repórter fotográfico através de várias premiações, dentre elas: Prêmio Príncipe de Asturias das Artes (1998); Prêmio Eugene Smith de Fotografia Humanitária; Prêmio World Press Photo; The Maine Photographic Workshop ao melhor livro foto-documental; eleito membro honorário da Academia Americana de Artes e Ciência nos Estados Unidos; Prêmio pela publicação do livro os Trabalhadores; Medalha de prata Art Directors Oub nos Estados Unidos; Prêmio Unesco categoria cultural no Brasil; e outros.

Sebastião Salgado é um dos mais destacados nomes da vertente do fotojornalismo dedicado a denúncia das desigualdades sociais, sendo inclusive nomeado Representante Especial da Unicef, em 3 de abril de 2001. O fotojornalista dedicou-se a capturar imagens que denunciam as várias situações de miséria as quais muitas pessoas são submetidas ao redor do mundo, a maioria delas com a utilização de filmes preto-e-branco. Ele também tem muitos livros publicados, como, Outras Américas, Terra, Êxodos, Trabalhadores, Crianças. As suas obras sucesso foram expostas em cidades, como Paris, Londres, Toronto, Veneza e muitas outras. Além disso, Sebastião trabalhou para agências renomadas de fotografia, e viajou para várias regiões do mundo, como a Antártica e a Amazônia brasileira, retratando, por exemplo, a vida de tribos indígenas. Além disso, o fotógrafo cobriu fatos como as guerras na Angola e no Saara espanhol, o sequestro de israelitas em Entebbe e o atentado contra o presidente norte-americano Ronald Reagan, em 1981.

Vale a pena conferir o trabalho deste fotojornalista profissional que não se contentou apenas em agradar aos olhos das pessoas com imagens belas, mas também consegue instigar as pessoas a refletirem sobre as condições de vida do ser humano em diversas partes do mundo, ele realiza um trabalho que humaniza a fotografia e transforma-a em fonte de expressão de denúncia contra as desigualdades sociais.

Para outras informações recomendo o seguinte link, eu gostei: http://fotografeumaideia.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=584&Itemid=137

Agora sem palavras vamos as imagens:

Crédito: Sebastião Salgado, Na África


Crédito: Sebastião Salgado, Namib Desert



Crédito: Sebastião Salgado, foto que fez parte da exposição "Filhos da Terra", que retrata as duras condições de vida de crianças carentes, moradores de rua, trabalhadores rurais e urbanos brasileiros



                                 Crédito: Sebastião Salgado, Amazonas Imagens, Serra Pelada, Pará

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Meu primeiro filho: O Livro-Reportagem "Padre Pedro Balzi: O Missionário da Paz

Não sei o porquê, mas não me satisfaz ficar na superfície de sentimentos, atos. Para mim sentir-me satisfeita, preciso entregar-me completamente aos meus projetos, assim como em todas as áreas da minha vida. Foi assim com meu trabalho de conclusão de curso de Jornalismo, desde que aceitei fazer um livro-reportagem em parceria com um colega da minha turma, Eliaquim Lopes, tive medo deste grande desafio, pois sabia que iria querer fazer o impossível para que o livro saísse o mais próximo do perfeito.

Claro! Era um sonho de infância para mim escrever um livro, e a duros sacrifícios, Graças à Deus, e a preciosas ajudas de entrevistados, amigos, além do meu colega de trabalho, consegui realizar. Não faltaram noites mal dormidas, insônias, cansaço, lágrimas. O tema foi sugerido pelo meu colega Eliaquim, que no início tinha apenas a ideia de falar sobre a vida do padre Pedro Balzi, sacerdote de nacionalidade italiana, que dedicou a maior parte de sua vida a ajudar comunidades carentes na Itália, Brasil e Itália. Padre Pedro morreu em 2009, e deixou muitas saudades para as pessoas que conheciam a importância do seu legado nas comunidades carentes por onde passou.

No início, nós tivemos a orientação do professor e agora mestre Cláudio Vasconcelos, que nos orientou a fazermos um projeto sobre a atuação do padre Pedro na Vila da Paz e recomendou-nos livros científicos para lermos. Isso foi muito importante para dar cientificidade às nossas pesquisas, o que contribuiu para que além de escrever o livro com uma refinada apuração dos fatos a serem relatados, também ajudou-nos a redigir nosso relatório sobre o livro-reportagem. Imaginem só além de escrever um livro-reportagem que não é das tarefas mais fáceis, ter também que escrever um relatório científico sobre o passo a passo de como foi feito o livro-reportagem. Foi bem difícil!

Dias e dias depois da primeira orientação com o professor Cláudio, a minha mente borbulhava e começou a articular como fazer um projeto que possibilitasse o mínimo de erros possíveis, dediquei-me de forma tão egoísta a como articular a realização das pesquisas e conduzir entrevistas, que centralizei todo o trabalho para mim. Em razão da incompatibilidade de tempo entre meu grupo e o professor Cláudio, este  nos aconselhou a mudar de orientador, que passou a ser a professora especialista Samara Jericó.

A pesquisa de campo foi bem intensa e desgastante, inclusive devido a meu carácter perfeccionista, muitas das entrevistas foram refeitas. Além disso, uma história levava a outra, e esqueci o número de vezes, que em pleno sol teresinense à pé, eu e o Eliaquim caminhávamos em busca de pessoas que poderiam nos dar pistas sobre quem era realmente o Padre Pedro Balzi para a comunidade da Vila da Paz. Muitas vezes, eu fui sozinha enfrentando meus medos e cansaço, entrava em casas humildes, e invadia como se fosse uma velha conhecida à intimidade e memória das pessoas da Vila da Paz.

Quantas vezes, eu tive que engolir o choro, ao ver o carinho com que as pessoas contavam sobre as ajudas tanto espirituais quanto financeiras do padre. Eu envolvi-me com cada um dos entrevistados, mas sem deixar de analisar de forma crítica cada um de seus gestos. Isso me ajudou a amadurecer tanto profissional como emocionalmente. Essa experiência vou levar até o fim da minha vida na terra. Pois, eu acredito que um dia vou poder entrevistar o padre Pedro Balzi lá no céu, onde ele deve estar agora.

Eu e meu colega, dividimos nosso trabalho assim: eu e ele faríamos as entrevistas, mas quem escreveria o livro era eu, fiz questão disso, enquanto ele escreveria o relatório do livro-reportagem. Cada palavra que escrevi foi sofrivelmente saboreada não como ato da imaginação, mas como um ato de escolhas norteadas pela ciência, e pela oração. Senti-me ao escrever cada linha desse livro como se estivesse sentindo o que os entrevistados, e o que o próprio Balzi sentiu ao idealizar suas obras de caridade.

Faço agora um resumo dos capítulos do livro-reportagem, que foi intitulado "Padre Pedro Balzi: O Missionário da Paz". O livro foi dividido em sete capítulos: No capítulo I (Padre Pedro Balzi), narra-se sobre o início da vida do sacerdote desde seu nascimento na Suíça, a sua volta a terra natal dos pais na Itália, devido aos rumores da Segunda Guerra Mundial, a precoce vocação ao sacerdócio, até os mais de vinte anos de missão de evangelização e desenvolvimento de obras sociais na Bolívia.

No capítulo II ( Missão no Brasil), narra-se a chegada do padre Pedro ao Brasil, através do convite feito pelo Arcebispo de Teresina, na época, Dom Miguel Fenelon Câmara, para o padre ajudar na construção de um hospital para cuidar de hansenianos em Teresina, no ano de 1987. O sacerdote sensibilizado com a situação de miséria das comunidades carentes decide morar na cidade. Ele escolheu a comunidade da Vila da Paz para continuar o trabalho que vinha realizando em outras regiões.

O capítulo III (Vila da Paz), conta-se um pouco da história da comunidade da Vila da Paz. Ela é fruto de uma "invasão", em 1986, num terreno localizado na zona sul de Teresina, próximo ao Terminal Rodoviário Governador Lucídio Portela. Este capítulo narra as disputas pela posse desse terreno, que hoje é a Vila da Paz, e a luta das famílias que o ocuparam para legalizá-lo e transformá-lo em um lugar digno para morar, devido à maioria não possuir condições de ter a casa própria.

A chegada do Padre na Vila da Paz, em 1987, é relatada no capítulo IV ("É aqui que eu quero ficar"), quando o próprio sacerdote conheceu de perto a realidade das inúmeras família que ali vivem até hoje. O padre iniciou na comunidade a construção de uma de suas primeiras obras, a igreja "Nossa Senhora da Paz". As mudanças através da evangelização e dos projetos sociais do padre Pedro Balzi é um importante legado que até hoje contribuem para trazer benefícios para muitas pessoas na Vila da Paz.

O capítulo V (Obras sociais), descreve-se como foram idealizados e desenvolvidos as obras sociais que mais benefícios trouxeram para mudar a situação de miséria de muitas famílias pobres, principalmente da comunidade da Vila da Paz.

No capítulo VI (As cartas), relata-se a forma como o padre utilizava cartas para obtenção de ajuda para as obras sociais com os benfeitores, e também como forma de manter contato cm família, amigos e pessoas que amava. O sacerdote tinha correspondência com cerca de 1.000 famílias italianas através da Associação Amigos de Padre Pedro, organizada pelo amigo italiano Orestes Fratus.

No capítulo VII ("Ele disse que um dia ia ser uma estrela no céu"), retrata-se a comoção dos teresinenses com o falecimento de padre Pedro, em 05 de outubro de 2009, vítima de um câncer nos ossos. A sua morte foi notícia no Brasil e no exterior.





domingo, 2 de fevereiro de 2014

Inconfidência

Às vezes, eu acordo com a leve sensação de que deixei algo importante para trás, as lembranças travam meu peito e sinto nos lábios mudos o desejo de falar coisas antigas com pessoas que por motivos naturais afastaram-se geograficamente e ou emocionalmente de mim. Recorro então a simples truques humanos de tentar reviver o passado através de fotos, cartas guardadas no fundo de algum lugar reservado a memórias. 

Eu, por exemplo, tenho uma caixa onde guardo as cartas antigas de pessoas que marcaram minha vida de alguma forma, a maioria delas, de amigos de minha adolescência. Ao tocar os papéis em desordem já com cheiro de morfo, sinto a segurança de reviver tristezas e alegrias sem a intensidade do instante que eu as senti afloraram dentro do meu ser pela primeira vez. 

O tempo parece diminuir a intensidade de dores, mágoas, medos, sensações e sentimentos que no instante em que são reavivados pela memória no presente criam uma barreira confortável, como se ao reviver o nosso passado, fossemos apenas expectadores de nossa própria vida na tela de uma televisão. Além disso, nós pudéssemos ser capazes de reconstruir o que foi vivido, refletir sobre fatos passados, muitas vezes, encontrando respostas para dúvidas e/ou decifrando enigmas que pareciam indissolúveis.

Atualmente, a troca de correspondência por meio de cartas tornou-se uma prática ultrapassada, acalentada por pessoas que gostam ou precisam utilizar esse meio de comunicação que resiste a era de mensagens  instantâneas cheias de bits, através da linguagem eletrônica, mensagens por celulares, através de emails e outras ferramentas utilizadas pela rede mundial de computadores que prometem aproximar as pessoas por um click.

Pergunto, então, aos meus queridos leitores. Por que com tantas facilidades para a gente se comunicar com os outros, as pessoas hoje em dia se sentem cada vez mais sozinhas? Não me interpretem de forma equivocada, eu gosto também de usar os meios eletrônicos para facilitar minha comunicação com as pessoas, principalmente amigos e pessoas que são importantes em minha vida, mas sinceramente acho que a mecanização das relações trouxe uma relação mais superficial entre nós.

Quem nunca ao sair com os amigos para um restaurante, pizzaria ou outro lugar bem bacana para uma conversa animada, não viu um ou mais companheiros de mesa a olhar compulsivamente para o celular, com dedos velozes digitando mensagens, outro preocupado com que cara saiu na foto que mais tarde será postada nas redes sociais ou no mesmo instante, aquele que tira foto do próprio prato, ou mesmo o que fica desesperado chamando o garçom, não para pedir algo gostoso para comer, mas para pedir a senha do wifi?

Acho ser necessário certos limites para que vida virtual e real não se confundam, mas também não se contraponham. É bom ter a oportunidade de falar com os amigos pelas redes sociais, quando vivemos num mundo louco que exige de nós uma intensa rotina de trabalho, e muitas responsabilidades como cidadãos ou outros papéis que assumimos numa sociedade onde sobra cada vez menos tempo para lazer. 

Para mim, o que provoca o tal sentimento de solidão é que nos acomodamos a praticidade de manter amizades apenas virtuais ou por basearmos relacionamentos em uma convivência de aparências, fugir de assuntos que precisam ser discutidos, conversar de fatos não que acontecem na televisão, mas acontecem dentro de nossas próprias vidas e o mais importante dentro de nós. Ir ao encontro do outro não de uma forma apenas, mas diversas formas, ajudar, compreender, deixar-se amar e ser amado sem mediações. Esses são apenas alguns dos fatores da epidemia da solidão na multidão. As pessoas precisam voltar a estabelecer laços mais firmes e verdadeiros entre seu círculo de amizades, visitas a casa de amigos, telefonemas, passeios, piqueniques, viagens e outras coisas tão divertidas e saudáveis que podem ser programadas nos finais de semana com amigos, familiares, paqueras...

Nada substitui o olho no olho, os abraços, trejeitos, andares, rugas de expressão provocadas pelos gestos incontroláveis durante uma conversa tida de forma pessoal e sem a incômoda barreira de mediações. Uma frase que li em um livro de sociologia marcou-me profundamente, desculpem leitores minha ignorância, mas não sei quem é o autor (quem souber pode até me dá um toque, eu aceito!), só sei que diz: "É impossível ao indivíduo ser alguém ou alguma coisa por muito tempo, exclusivamente por sua conta. Outros têm de nos dizer quem somos, outros tem de confirmar nossa identidade."

A identidade é uma questão controversa em nossos dias, muitas vezes, quando perguntados sobre quem somos, travamos. Claro! O ser humano não é algo definitivo, ele constrói-se por meio de sua vivência com as pessoas e consigo mesmo, por meio de suas escolhas, experiências, Os padrões da sociedade, muitas vezes, engessam a capacidade das pessoas superarem seus limites. Razão pela qual em muitas ocasiões deficientes físicos e mentais são marginalizados ou mesmo aqueles fora dos padrões estéticos, os obesos se sentem tão pressionados pelos padrões da sociedade  que muitas vezes sucumbem e se deixam levar por limitações que não são suas, mas da forma como os preconceitos se propagam em nossas mentes. E superar os limites é bom? Depende, escolhas sábias só podem ser conseguidas quando o ser humano deixa de querer por suas próprias forças atingir seus objetivos e tem a sabedoria de se deixar conduzir pela fonte criadora do mundo: Deus.

Agora, muitos leitores irão reclamar, lá vem ela com suas idéias cristãs! Não tenho como fugir disso, se quiserem pôr este rótulo em mim aceito, sou cristã e minhas reflexões certamente sempre serão norteadas pelos princípios da minha crença e do meu caráter construído ao longo da minha vida. Estou aberta a questionamentos, eu não sou tirana em relação a isso, podem ficar calmos meus amigos.

Sou contra certos esteriótipos, distorções da realidade que são difíceis de serem filtrados em um mundo de verdades tão diversas. Eu escolhi a minha verdade: Jesus Cristo. E, como Deus deixa livre os seres humanos para fazerem suas escolhas, cada um escolhe o caminho que lhe agradar. Eu fico com o amor incondicional de Deus, o grande amor da minha vida.

De volta, as minhas velhas cartas, eu sinto falta de ver as letras dos meus antigos amigos e gostaria que os novos me escrevessem algo, mesmo, confesso não escrevendo para ninguém há um longo tempo (só digito mensagens agora). A forma que escrevem traz em cada traço uma emoção diferente, além de carregar as impressões digitais, o cheiro e quem sabe até possíveis lágrimas de quem escreve cartas.

Ao final desta postagem, muitos devem estar se perguntando de tudo o que eu escrevi que relação existe entre isso e o título do post? Vou explicar. É que tenho dificuldade de resumir as coisas, perdoem-me! Entre todas as cartas que recebi que falavam sobre quem eu era, uma delas me encantou, eu descobri-me através das palavras de minha amiga. Foi em 2006, eu e Luciana Lemos estudávamos juntas no último ano do ensino médio e estávamos prestes a prestar vestibular.

Nessa época, eu passava por sérios problemas familiares, a desconfiança de meu pai o meu equilíbrio e sobre a minha capacidade de concentração nos estudos me incomodava bastante, uma vez que, eu sempre tive dificuldades em seguir regras. Eu e a Lulu, como os amigos íntimos chamava-na, éramos garotas que sentávamos nas cadeiras da frente na sala de aula e nos destacávamos, na maioria das matérias, como ótimas alunas.

Somos muito amigas. Uma vez, ela estava doente com problemas respiratórios e o ar-condicionado estava tão frio que eu perguntei ao professor se podia desligá-lo, ele permitiu e eu desliguei. Então, um dos alunos que estudava no fundo da sala e era bem encrenqueiro (que sala não tem um desses!) ligou novamente o tal ar-condicionado, então, eu reclamei e religuei. Ele quis voltar para ligar novamente diante do professor que não sabia o que fazer, eu com o meu audacioso instinto protetor tirei um dos meus velhos tênis all star de um dos pés e ameacei lançá-lo rumo ao encrenqueiro. Foi um alvoroço na sala, óbvio, mas venceu o pulso forte do professor que manteve sua decisão de desligar aquele ar-condicionado, uma vez que tinham outros aparelhos que podiam manter a temperatura da sala agradável em outros locais que não ficavam de frente para a pobre Lulu.

Eu e Luciana convivemos dois anos juntas. Ela é uma garota super inteligente, domina a arte das palavras,  aprendeu praticamente sozinha a falar inglês, roqueira, traduzia compulsivamente músicas em inglês de diversas bandas, maioria delas de rock. Por trás das roupas pretas, nosso grupo de amigas descobriu uma pessoa amável, carinhosa, que podíamos contar nos momentos de dificuldade. Atualmente, ela é professora, formada em Licenciatura Letras e Literatura Portuguesa pela Universidade Estadual do Piauí, que concluiu em 2013, com a apresentação de sua monografia que eu tive o prazer de assistir a sua defesa. A monografia era na área de Linguística e foi um trabalho bastante elogiado pela banca de professores universitários que deu nota 10 ao seu trabalho, além de tecerem muitos elogios ao esforço que ela teve para finalizar a sua monografia. Eu fiquei orgulhosa de minha amiga. Além de tudo isso, ela é uma ótima desenhista e cantora e também é aluna do curso de Artes na Universidade Federal do Piauí.

Depois de tantos elogios suspeitos à minha grande amiga, vou logo à inconfidência. Em 2006, recebi uma carta dela no dia do meu aniversário, dentre muitas outras, de amigos da nossa turma, mas essa me marcou pela beleza das palavras, mas também por ter chegado o mais perto possível do que guardava em minha alma e ter conseguido traduzir por meio de palavras o que nem mesmo eu entendia viver dentro de mim.

A carta foi escrita em um papel de caderno um pouco amarrotado e dobrado ao meio, escrito à lápis que dizia na parte da frente: confidencial. Após ler tudo, fiquei uns instantes sem palavras, sem saber como uma pessoa que não era minha mãe, nem tinha crescido comigo, como minhas primas, sabia tantas coisas sobre mim e via com tão belos olhos a minha alma, como aquela minha amiga. Eu sentava ao seu lado na sala, olhei para o lado e vi sua cara encabulada. Não era medo de ser mal interpretada, via que não era isso, pois a amizade era uma certeza que estava alicerçada dentro de nós. Depois de alguns instantes, ela disse a causa de sua tímida atitude diante do que escreveu: " Você escreve tão bem, queria poder escrever tão bem como você." Eu que nunca me vangloriei dos poemas que já escrevia naquela época, achava-os ruins, ainda acho, na verdade, respondi de coração que, naquele momento, ela havia superado a todos os textos que eu já havia lido, pois conseguiu transmitir os sentimentos que sua alma captou sobre outra alma, a minha, que sempre achei ser tão difícil de ser decifrada, pois sempre fui uma garota contraditória, indecisa, fechada e que foge das pessoas com certa frequência.

Peço sinceras desculpas a minha amiga, mas vou cometer a inconfidência de publicar as palavras que ela me escreveu, pois são tão lindas que não serei egoísta de guardá-las somente para mim, eis aqui o motivo do título da postagem:

Beleza Rara

Incrivelmente belo, incrivelmente puro,
incrível beleza d'alma humana já extinta encontrei
Por todos os lugares que passei, de todas as pessoas 
que já vi, jamais conheci alguém com beleza tão
rara e percebi o quão maravilhoso é tê-la como amiga. São poucas as palavras que existem no universo para expressar tamanha felicidade
de conhecer a jóia mais preciosa que o ser humano
deixa escapar, mas possuir um dom tão divino,
que até os deuses invejariam, ter que praticar e permanecer
vivo. Não há no mundo tantas pessoas que possuam
esse dom e consigam dominá-lo com perfeição.
Ser tão puro de coração, tão forte de espírito e tão ferido, tão machucado ao mesmo tempo, e ter de
permanecer forte, e isso que faz da alma deste
ser voraz cada vez mais belo. Não desistir, não julgar, suportar a dor da solidão, e viver
é purificar a alma, não ter vergonha de pensar, de falar é realmente possuir beleza rara.

"Millena Cardoso, a menina da alma mais bela que já conheci. Alma ferida, espírito massacrado, imperfeito, mas incrivelmente belo."

(Beleza rara foi escrito por Luciana Lemos de Moura Santiago, em homenagem ao meu aniversário em 2006)



                    Imagem retirada de: http://shuzy-inercia.blogspot.com.br/2009_11_01_archive.html




sábado, 1 de fevereiro de 2014

Sutil crítica ao capitalismo

Leitores esse poema é uma crítica bem humorada às insanidades do capitalismo...

Capitalismo 

                                                       capitalismo
                                                                   decapitalismo
                                                                                  decapitar
                                                                                              o liso
                                                                                                    nos ismos
                                                                                                                vão se
                                                                                                                      perdendo
                                                                                                                                  os lisos*.


                                                                      ( Autora: Millena Cardoso de Brito)

* Liso: gíria, modo informal dos brasileiros denominarem quem é pobre.



Imagem retirada de: http://www.laeconomia.com.mx/capitalismo/