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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Por que ter tanto medo da verdade?


Crédito: foto retirada da Internet
                            
Quando eu era pequena não conseguia entender o porquê dos adultos terem tanto medo de dizerem o que pensam e sentem. Eu costumava dizer tudo sem pensar direito nas consequências (Bom! Eu devo confessar que continuo fazendo isso com certa frequência, o que me traz alguns problemas...). Eu deixava minha mãe bem constrangida com minhas perguntas desconcertantes e com a audácia de falar sobre coisas que eram consideradas apenas assunto de adultos. Eu sempre gostei de conversar com pessoas mais velhas do que eu, costumava deixar de brincar para escutar as conversas da minha mãe com as senhoras casadas da vizinhança, eu ficava escutando as reclamações delas em relação aos problemas domésticos e me metia dando minhas opiniões, sem contar que falava o que não deveria sobre as coisas que eu via acontecer em minha casa e depois levava bronca da mãe. Meu pai era alcoólatra e, graças a Deus, ele deixou o vício. Uma vez, minha mãe estava conversando com uma vizinha e eu falei que gostava de acompanhar meu pai nos bares, pois quando ele ficava bêbado, eu e meu irmão podíamos pedir muitas guloseimas sem que ele reclamasse e nós recebíamos o que pedíamos com um grande sorriso dele, pois um dos sintomas de embriaguez é que a pessoa fica subitamente com a impressão de que está rica, então como minha família era pobre, nós aproveitávamos nosso pai bêbado para pedir o que queríamos ( Hoje eu não faria isso, claro!). A minha mãe, é lógico, ficava com muita vergonha, e eu sem entender o motivo. Eu cresci e comecei a sentir o peso das palavras ditas sem pensar. Eu descobri se eu falasse dos defeitos das pessoas que eu amo, outros poderiam falar coisas ruins a respeito deles com base nas informações que eu mesma tinha dado e eu sempre fui de defender até os limites de minhas possibilidades as pessoas que são importantes para mim. Eu descobri a responsabilidade da palavra dita, falada e/ou escrita, dada ou retirada. Cada som ou expressão do nosso ser tem consequências na nossa vida, por isso, tudo o que dizemos deve ser bem medido e calculado para evitar que prejudiquemos a nós mesmos e/ou aos outros.  Aprendi a dar valor às palavras ditas ou omitidas, elas podem ser decisivas para o nosso futuro. Isso não significa que devemos ser adestrados a mentir e nos esquivarmos de falar a verdade sobre o que pensamos e sentimos, mas é preciso aprender a proteger a nós mesmo e a quem amamos. Eu sofro de transparência excessiva, eu digo e falo o que penso e sinto, sem medir muito as palavras, mas eu espero conseguir adquirir a arte da moderação na forma me expressar. Acho que tenho tempo para aprimorar a arte de falar quando necessário e calar estrategicamente para não prejudicar ninguém. Eu sofro com meus erros, pois gosto de fazer as coisas certas, apesar de ter um jeito rebelde e ser bastante crítica. Ser franca em relação ao que se pensa e sente causa muito desconforto em um mundo em que a maioria das pessoas corre atrás de ilusões e de falsas realidades. Amo a verdade e vou buscá-la, mesmo que a estrada seja mais difícil de trilhar.

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