Não quero desejar nada. Os
desejos tiram a paz. Cansei de querer. Vou adestrar corpo e mente. Colocar
freios em meus pensamentos. Eles são rebeldes, cavalos selvagens querendo
romper o tempo, mas é preciso domesticá-los.
Deixei-os soltos e eis que eles regressaram para me estraçalhar. Eles são minha fonte de prazer e dor. Não consigo fugir
dos seus apelos e deixá-los morrerem dentro de mim. Preciso deixá-los fluir.
Não quero desejar nada. Mas, isso
já é um desejo. Quero cobrir o tempo que gostaria de esquecer e nunca mais ter de
voltar a vê-lo. E isso é um desejo. Tento fugir desse tempo, mas ele sempre dá
um jeito de me visitar com um álbum com fotografias que você nunca gostaria de
ter tirado. O tempo é meu amigo, mas ele cobra pelos meus erros. Estou pronta
para assumi-los, mas não é fácil. Por que sempre tem alguém para dizer que
erros são imperdoáveis. Para essas pessoas, eu pergunto: o que eu faço com tudo
o que aprendi com eles? Lição aprendida, lição aceita. Aceitem.
O que eu posso desejar? Se o que
eu quero sempre está bem distante do que é considerado real.
E o que é real? O que me toca,
talvez. Mas, o que não me toca? Senhora tempestade que sente das mais variadas
formas e com uma intensidade massacrante. Trituro os dias no peito e ele
costuma sangrar por dores que nem são as minhas. Minhas várias faces brigam
entre si e se digladiam para tomar um espaço maior no meu ser. Mas, o que sou?
Parece que só existem perguntas difíceis de serem respondidas.
O que sei é que preciso escrever,
dançar, brincar e regressar ao seio da Criação para que eu possa me resgatar.
(Millena Cardoso de Brito. 09/09/2016)
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