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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Invasão



Crédito: Imagem retirada da Internet

Toques me causam estranheza,
Meu corpo está mais acostumado com a frieza de objetos inanimados,
Pois é bem mais fácil controlá-los.
Eles não são seres pensantes que tentam vasculhar sua intimidade.
Não gosto de perder o controle
E isso normalmente acontece quando estou diante do outro.
Construí uma sólida muralha ao redor de mim,
Mas ela está desmoronando.
Eu esqueci minhas rotas de fuga
E não consigo mais manter distância do outro.
Não consigo sair ilesa ao que vejo,
Ao que cheiro, escuto...
Deixo meus sentidos dispersos e eles me traem.
Não consigo manter a indiferença nem deixar o outro passar despercebido.
Procuro desvendar o que está por trás de cada gesto, palavras
que ficam dispersas e junto as pistas que outras vidas deixam escapar
para tecer meus afetos.
As palavras inauditas, ruminadas, remoídas rompem a clausura.
Prazer e dor misturam-se no fluir das confusas sensações transbordadas.
Misturo o que sou e me despedaço.
Na confusão dos sentidos, desmorono.
Deixo a carne exposta em ferida,
Permito que o outro seja parte de mim
E posso sentir meu peito despertar para uma vida que não é mais só minha.

(Millena Cardoso de Brito)

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