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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A peçonha do desejo

Embriaguez

Para que falar da Paixão,
se a força de tal sentimento é peçonha
que nos nutre das mais doces ilusões?
Se deturpamos sua essência e
nos embriagamos em seus enganos e
entorpecemos os nossos corpos 
em nossa fragilidade?
Paradoxalmente, ao meu desejo sinto
a repulsa de seus beijos de serpente
que me envolvem meu corpo
em um estranho gozo.
Pergunta-me o porquê de a verdade brincar
em meu olhar sombrio.
Respondo apenas que meus olhos
procuram no vazio a verdade
que teima em fugir a razão.
Bebemos um no outro um vinho
que nos faz esquecer por um tempo 
nossos medos.
Seus lábios, 
sorrisos,
suspiros,
palavras soltas!
Que mentira enlouquecedora!
Depois golpes de realidade jogam ao chão,
o que habitava as nuvens...
Realidade necessária para que não se consuma
a vida na ilusão,
não quero o medo,
quero o amor,
o amor desprendido,
o verdadeiro amor.
porém, preciso estar perto
de quem amo em segredo, dor
ou do engano nas mentiras do presente.

(Millena Cardoso de Brito)


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