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segunda-feira, 14 de março de 2022

Mulher

A palavra mulher me faz lembrar chamas trepidando, como as que queimaram muitas que no passado não se encaixavam nos padrões dos homens. 
Eu as imagino dançando nas chamas sem se importar com a dor, nem com o medo. Isso é o que muitas de nós fazemos, enfrentamos a ferocidade deste mundo com o melhor do que somos.
Nós lutamos com beleza, verdade e acima de tudo amor. Somos a criatura escolhida para ser fonte criadora. 
O ser que o mundo precisa para lembrar que podemos ser eternos. Nós acolhemos no nosso seio o destino da humanidade.
O que somos é capaz de mudar o rumo de muitas vidas.
Nascemos para ser a força, a coragem necessárias para que o mundo seja como deve ser.
As chamas não podem nos parar.
Não há como conter o que nasceu para o sagrado. 
Somos deusas das chamas que nos envolvem. 
A nossa luta é para romper com tudo que golpeia a nossa liberdade.
Para poder sermos mulheres que podem amar sem o medo de serem machucadas ou mortas; mulheres que possam andar pelas ruas a qualquer hora sem sofrerem nenhum tipo de violência; mulheres que são respeitadas em todos os espaços que ocupam na sociedade; mulheres que comandam sem que ninguém questione sua autoridade; mulheres que podem escolher simplesmente serem mulheres.
 
 (Millena Cardoso de Brito)

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Namorados

Não sei como nós seres tão diversos fomos nos encontrar no meio do emaranhado de tantas outras vidas.                                                                                                                          Você gosta mais de ouvir brega e eu de rock.                                                                     Gosta mais de ir a cultos, eu às Missas.                                                                              Você é de Exatas, eu de Humanas.                                                                                              Nenhuma dessas nem de outras diferenças atrapalham o jeito como nós ligamos nossas vidas uma na outra.                                                                                                                      Estamos passando juntos muitas datas comemorativas criadas pelos seres humanos com a curiosidade das crianças descobrindo o mundo.                                                                          Esperei muitos anos passar o dia dos namorados namorando.                                                  Você me fez esquecer os tempos de solidão e se tornou cura para muitos dos meus medos.    Ajudou-me a rir das minhas dores e me conforta quando passeamos juntos pelo passado.      Eu já não sinto o peso do tempo, pois tenho com quem dividi-lo.                                                Não me assusta mais a velhice pois confio na permanência do amor nos teus olhos.              Eu sei que para sempre é um tempo muito longo, mas é o que desejo para nós.                      Quero que cheguemos juntos ao céu e lá possamos andar de mãos dadas pela eternidade.    Na Terra quero construir nosso céu, um lugar de amor, onde nos tornemos o que Deus quer de nós.                                                                                                                                       As nossas vidas já se cruzaram agora nosso céu está próximo. 


 (Millena Cardoso de Brito)

domingo, 19 de abril de 2020

Beleza

Crédito: Foto retirada da Internet
Há beleza nos primeiros cabelos brancos como nos últimos acordes de uma bela canção. Há beleza nos lábios que calam uma injustiça como nos olhos de quem pede pão. Há beleza no fenecer do dia que se despede em cores vivas no céu como nas experiências sejam alegres ou tristes que deixam sulcos nos rostos. É a vida deixando seus rastros e renovando o que é o belo com o mover do tempo. Há beleza na semente que desce ao chão para o brotar da vida como no nosso expirar. Há beleza no início e no fim. Há beleza em mim, em ti, em tudo.                        (Millena Cardoso de Brito)

quarta-feira, 25 de março de 2020

Nós

Crédito: Imagem retirada da Internet


Eu gosto de quando ri dos meus medos e eles diminuem,
Quando nós brincamos com a brevidade do tempo
E com as dificuldades da vida.
Quando escorrego para o seu colo
E descanso meus pensamentos.
Quando sinto o seu desejo de permanecer.
Eu gosto quando tenta gravar meus traços com suas mãos
E como não se assusta com meus defeitos
Nem com meu cabelo que você assanha
Com seus dedos nervosos.
Eu gosto da sensação que seus olhos provocam no meu corpo
E de ter para onde voltar quando tenho medo.

(Millena Cardoso de Brito)

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Encontro

Crédito: Imagem retirada da Internet


Quando o teu corpo trepidou junto ao meu,
Percebi que tinha encontrado um lar.
Mais do que um abrigo, a extensão do meu ser.
O encontro inesperado de vontades se transformou
No amor em seu estado primitivo.
Pernas e braços entrelaçados no banco do parque
Falaram do desejo de permanência.
Dois jovens em busca de uma promessa antiga
Começaram a descobrir como a vida vai se construindo.
Os lábios que pronunciaram preces saboreiam a graça pedida.
Eu pude viver contigo o futuro que havia imaginado na infância.
Meus clamores foram atendidos quando nos beijamos.
Eu pude sentir Deus falar comigo na tua boca.

(Millena Cardoso de Brito)

Despertar


Crédito: imagem da Internet

A carne quente pulsando vida desperta
Meus sentidos entorpecidos,
Traz a familiar sensação de aconchego do ventre materno.
Eu sou despertada pelos barulhos do teu corpo
Que me dão o conforto de te ter vivo,
Pois como diria Manuel Bandeira o que eu adoro em ti é a vida.
Eu amo com o interesse no pulsar do teu sangue
Que me livra de passar os dias no automático.
Encontro no colorido da tua voz e dos teus gestos
Uma nova forma de sentir o tempo.


(Millena Cardoso de Brito)

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Viver

Crédito: Imagem retirada da Internet


Não estou pronta para viver a minha idade cronológica,
Mas a vida talvez seja isso a gente viver no susto.
Não estar preparado para o fim nem para o início,
Nem conseguir acompanhar o curso do tempo.
Não há como conter o inesperado,
Nem fazer que tudo aconteça da maneira que desejamos.
Precisamos ter calma para atender as necessidades do momento.
A minha ânsia de infinito me fez preservar a infância no ser e nos gestos,
Guardar o encantamento das noites de luar,
Lançar-se ao novo com a confiança
De que haverá sempre amparo.
Para mim tudo é imenso e intenso
E há novidades no simples abrir e fechar de olhos.
Não consigo contar o tempo por anos,
Mas pelo que sinto do que vivi.
Há dias cheios de eternidade e outros vazios.
Sou levada pela transitoriedade da vida
Que me abraça com dedos firmes
E me prende às minhas escolhas.
Mas, o que procuro é a permanência,
Deixar o medo de perder a consciência
E viver a certeza de que existe o Eterno.
Gosto de saborear o passar do tempo
Mas preciso da certeza do por vir.
Não estou pronta para viver a minha idade cronológica,
Mas a vida talvez seja isso viver.


(Millena Cardoso de Brito)